quarta-feira, 21 de março de 2018

Livro PALESTINA será lançado em São Paulo dia 3 de abril


PALESTINA, um olhar além da ocupação (Editora Limiar) será lançado dia 3 de abril, em São Paulo. na Mesquita Brasil, Rua Barão de Jaguara, 632, Cambuci



Durante seis dias, em 2015, uma delegação brasileira formada pelo atual vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Nilton Bobato, pelo vereador na cidade de Cascavel, Paulo Porto (ambos militantes do PCdoB) e pelo presidente da Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e diretor de Assuntos Internacionais do Município, Jihad Abu Ali, visitou a Palestina. 

Apesar de serem brasileiros e estarem em missão oficial, isso não lhes garantiu nada diante da ocupação israelense em solo palestino. Apesar de brasileiro, Jihad Ali, filho de palestino, ficou retido na alfândega na entrada e na saída do país; uma das várias situações tensas e discriminatórias ocorrida ao longo da viagem. “Paulo Porto, que tem o biotipo bem europeu, passou sem qualquer dificuldade; eu, cujas características físicas são mais próximas à de um árabe, fiquei detido por algum tempo até me liberarem, mas JIhad, com nome e fisionomia tipicamente árabes, ficou quase 12 horas incomunicável nas mãos das autoridades israelenses”, conta Bobato em seu relato da viagem. 

Sem Jihad para servir de intérprete, os dois outros brasileiros tiveram de se virar para conseguir chegar a seu destino e serem recepcionados pelo prefeito de Jericó, porque, apesar de estarem na cidade, era proibido por Israel o prefeito palestino se locomover livremente pela sua própria cidade. Esses e outros episódios, como o do encontro com o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, a tensão a cada checkpoint (barreiras formadas por soldados de Israel por toda Palestina) e a alegria e surpresa de encontrar, mesmo sob ocupação, uma sociedade vibrante e que não se rende, são relatados de maneira direta neste livro depoimento, belamente ilustrado com as fotos de Paulo Porto. PALESTINA, um olhar além da ocupação, lançado pela Editora Limiar, é um retrato franco e sincero de um povo que luta há sete décadas pelo seu direito de possuir um país; um povo que resiste e se refaz a cada nova geração.

Arqueólogo Raoni Valle sofre atentado na Amazônia



Fonte: Xapuri Sociambiental

Escrito por Zezé Weis


Raoni Bernardo Maranhão Valle, 41 anos, doutor em Arqueologia, mestre em História com área de concentração em Pré-História, pesquisador no Seridó Potiguar e Paraibano e no Semiárido Pernambucano no início da carreira, na segunda metade dos anos 90, podia ter seguido investigando os registros rupestres do Nordeste.
Tivesse ficado por ali, talvez Raoni Valle não fosse alvo do atentado que sofreu na noite do último dia 09 de março na varanda de  sua casa de Alter do Chão, no estado do Pará, quando dois homens (possivelmente 3) com rostos encobertos portando “garruchas”, espingardas adaptadas de cano serrado, atiraram contra o arqueólogo.
Imediatamente, ao perceber a invasão, o pesquisador se atracou com os dois homens. O primeiro disparou contra seu
rosto, mas o cartucho explodiu dentro da arma. O segundo ainda mirou mas antes que disparasse, Raoni mergulhou embaixo de sua mesa de trabalho em seu escritório, virando a mesa por cima dos meliantes lhes empurrando contra ela para fora de casa, gritando por socorro. O tiro e seus gritos alertaram moradores e a dupla fugiu. Ainda um terceiro elemento havia sido encurralado por sua esposa e pelo seu cachorro e ao ser ameaçado pelos dois evadiu-se.  O pesquisador sequer viu o terceiro homem.
Mas não, Raoni Valle foi parar nas regiões de conflito da Amazônia, e se aproximou dos povos indígenas e das populações extrativistas da floresta.  Desde 2005, o arqueólogo realiza levantamentos fotográficos de sítios rupestres nas bacias do Rio Negro, Branco, Jaú, Jauaperi, Tapajós e Erepecuru.
Mais: o inquieto acadêmico – hoje Professor Adjunto no Programa de Antropologia e Arqueologia (PAA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Coordenador do curso de Arqueologia deste Programa, inovou num trabalho experimental de capacitação em arqueologia para professores indígenas da etnia Mura do baixo rio Madeira, nos anos 2005-2007.
Trabalhando com os Professores Mura, Raoni coordenou, entre 2007 e 2008,  o projeto Yandé Anama Mura – Documentação Audiovisual do Patrimônio Imaterial dos Pajés e Pearas Mura, e não mais parou. Na Ufopa, desenvolve, junto com alunos Munduruku, o Programa de Pesquisa e Extensão Kuyjeat Etaybinap – Arqueologia da Oralidade nas Aldeias Munduruku do Médio Tapajós – uma proposta de “Arqueologia Indígena”; através da documentação audiovisual da História Oral da etnia, premiado pelo Edital Mec-Proext 2014.
Além de parcerias intelectuais com pensadores e pesquisadores Indígenas do Alto rio Negro, Amazonas, o pesquisador desenvolve, também, o projeto Pedra do Sol – Contextualização Arqueológica e datação Indireta de Gravuras
Rupestres na Amazônia Brasileira (Roraima), dedicado a situar referenciais crono-estratigráficos para as Gravuras Rupestres Amazônicas.
Isso sem contar na sua profícua e premiada produção de documentários  sobre a questão indígena no Brasil, junto à produtora de cine-vídeo Telephone Colorido de Recife, PE. Um deles, “Figueira do Inferno”, levantou mais de uma dúzia de prêmios de melhor documentário em 2004. Além, de parcerias intelectuais com pensadores e pesquisadores Indígenas do Alto rio Negro, Amazonas.
Era de se esperar então que um cidadão com significativas contribuições ao avanço do conhecimento arqueológico da Amazônia brasileira, sobretudo no campo das Gravuras Rupestres, fosse capaz de gerar admiração e respeito, e não a ira da bandidagem que hoje impera em várias partes da floresta. Só que, com seu incondicional apoio aos povos indígenas, em particular por seu
trabalho com os Munduruku, Raoni Valle passou a ser percebido pelos inimigos dos povos indígenas na Amazônia como uma presença incômoda.
Por essa razão, Raoni suspeita da possiblidade de que o ataque do dia 09 tenha alguma relação com sua defesa dos Munduruku e sua militância contra os desmandos na construção do Complexo Hidroelétrico do Tapajós. Embora a princípio resista à ideia de um atentado premeditado e encomendado, Raoni não hesita em dizer que “…depois que 0 cara tentou me matar, passei a perceber que as coisas estão meio estranhas, pois voltaram em minha residência antiga e mexeram em várias coisas, mostrando uma ação reiterada orientanda para implantação de medo e terror seletivo em algumas pessoas, os assaltos que assolam Alter podem não ser um fim em si mesmo, mas um instrumento político para outros fins…”
Segundo Raoni, “há um padrão nas ações de violência que ocorrem na região, há um design nisso tudo, que remete a uma arquitetura mais ampla do que os devaneios da bandidagem pequena na ponta de lança, é de envergadura política,
sempre, acho que se relaciona a algum tipo de processo de gentrificação planejada do Oeste do Pará orientada por um
vento fascistoide que tomou conta do nosso presente etnográfico.”
Para a também arqueóloga e historiadora Alenice Baeta, colega de Raoni, o ataque visa atingir o trabalho corajoso do arqueólogo em defesa dos povos indígenas e dos direitos humanos. “Este atentado é mais uma mostra dos tempos perigosos que estamos atravessando onde pessoas de bem estão sendo aniquiladas simplesmente por lutarem por justiça social e ambiental. Estarei a
seu dispor Raoni”, diz a professora.
Acuado pela violência que, nos últimos anos ceifou a vida de 25  lideranças políticas brasileiras, desde o dia 09 o professor deixou sua casa, e está vivendo refugiado com sua família, temendo  por sua vida e a vida de sua esposa, bem como por seu emprego na Universidade.
Denúncias de casos similares têm algumas vezes conseguido evitar assassinatos de indígenas,  extrativistas e das pessoas que defendem os povos da floresta. Oxalá seja este o caso. Longa vida para Raoni Valle!

sábado, 17 de março de 2018

O NADA SILENCIOSO EXTERMÍNIO DE LIDERANÇAS POPULARES




O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco chocou o país e levanta muitos questionamentos sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro e o avanço da política de extermínio promovida contra líderes populares.
Um levantamento feito pelo historiador Fernando Horta, doutorando na Universidade de Brasília, aponta que nos últimos quatro anos houve, pelo menos, 24 casos de execuções de lideranças da cidade e do campo.
A lista chama atenção pela escalada vertiginosa dos atentados, ocorrida, coincidentemente, após o golpe de 2016. Naquele ano, Horta levantou seis casos de assassinato; número que saltou para nove no ano seguinte. Apenas nos três primeiros meses de 2018, essa sinistra contabilidade registra oito mortes.
Abaixo a lista elaborada pelo historiador, com informações do site OperaMundi.

sexta-feira, 9 de março de 2018

FAMA - Fórum Alternativo Mundial da Água começa dia 17 em Brasília





Acontece de 17 a 22 de março, em Brasília, o Fórum Alternativo Mundial da Água, evento que irá reunir militantes e movimentos sociais de todo o planeta em defesa de um dos maiores bens da humanidade, a água, que não pode ser tratada como uma mercadoria ou commoditie.

Clique aqui e confira mais informações e inscrições no site do evento.





 

quinta-feira, 8 de março de 2018

BAZAR DE SOLIDARIEDADE A JORNALISTAS EM GREVE EM CAMPINAS




A greve dos jornalistas da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, completou 23 dias na quinta-feira (7.mar.2018), e segue o protesto dos trabalhadores e trabalhadoras porque os salários continuam em aberto desde dezembro passado.
Para arrecadar dinheiro ao fundo de greve e contribuir com o pagamento emergencial dos jornalistas da rede, os grevistas realizam o “Bazar da Amizade” nesta quinta (8) e sexta-feira (9), das 11h às 19h, e no sábado (10), das 9h às 13h, na Associação Campineira de Imprensa, na Rua Barreto Leme nº 1479, no centro de Campinas. 
Roupas, sapatos, acessórios, livros e diversos outros artigos doados em ótimo estado estarão à venda com preços simbólicos, e serão aceitos pagamentos com cartão de crédito. A gestão dos recursos arrecadados é feita pelos próprios jornalistas.
Além dos salários de dezembro, janeiro e fevereiro, a RAC deve aos trabalhadores seis meses de vales refeição e alimentação, o 13º de 2017 e o pagamento do adicional de um terço aos que saíram em férias nos últimos dois anos.
Apesar da dívida e dos frequentes atrasos de pagamentos enfrentados pelos jornalistas desde 2015, em audiência no último dia 28 de fevereiro, perante o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15-Campinas), a proposta da empresa foi somente pagar o vale alimentação devido até 9 de março e, ainda, que os grevistas voltassem ao trabalho para aguardar outra negociação em 30 dias.
A proposta foi prontamente rechaçada pelos profissionais, que seguem de braços cruzados aguardando o julgamento do dissídio em data ainda não definida pelo TRT15-Campinas.
A RAC é responsável pelos jornais Correio Popular, Gazeta de Piracicaba, pelas revistas Metrópole e VCP News, e pelo portal RAC.com, entre outras mídias.  
O “Bazar da Amizade” é uma iniciativa organizada pelos grevistas, com apoio da Regional Campinas do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.

quinta-feira, 1 de março de 2018

PETROBRÁS: o estranho caso em que a vítima se vangloria da culpa


O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, alegre com o acordo que sangra a empresa em R$ 10 bilhões

A Petrobrás anunciou no primeiro dia de março (1.mar.2018) que a Corte Federal de Nova Iorque (EUA) aprovou o acordo celebrado para encerrar a Class Action (ação movida por acionistas minoritários que alegaram terem tido prejuízos com os desdobramentos da Operação Lava Jato).


Apesar de ter proposto um acordo bilionário, a Petrobras pagará US$ 2,95 bilhões  (cerca de R$ 10 bilhões) aos investidores beneficiados pela ação. Segundo a agência de notícias Reuters, o acordo representa  o maior já pago em uma década em ações coletivas nos EUA.

Chama a atenção nesse processo várias questões:
1) Por que a direção da Petrobrás não provisionou o valor dessas ações em seu balanço? Em nota explicativa ao Balanço de 2016, a empresa defendeu o não provisionamento desses valores devido às muitas incertezas sobre o montante total. Entretanto, menos de um ano depois, assumiu este valor bilionário, praticamente sem questionamento.

2)  Por que a direção da Petrobrás não utilizou todos os recursos jurídicos para questionar a ação e os valores e aceitou tão “docilmente” o acordo, o maior já pago em uma década de ações coletivas nos EUA, segundo matéria da Agência de Notícias Reuters.

3) Quem são as empresas e pessoas beneficiadas pela ação? Por enquanto, apenas alguns nomes foram apresentados. Segundo Danilo Silva, ex-diretor do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, “Provavelmente, entre os recebedores estão os conhecidos ‘fundos abutres’, que vêm atuando ativamente na compra de ativos brasileiros de diversas empresas locais que estiveram envolvidas na Lava Jato”.

4) No informe ao mercado deste 1.mar.2018, a Petrobrás afirma: “o acordo não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras. No acordo, a companhia expressamente nega qualquer responsabilidade. Isso reflete a sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação Lava Jato”.


Ora, esse é um caso sui generis em que quem se diz vítima não utiliza todos os recursos jurídicos para provar sua inocência, aceita um acordo bilionário e ainda se vangloria disso. Esse é mais um capítulo que demonstra a instrução política da atual direção da empresa e seu atual presidente, Pedro Parente, tucano indicado por Temer em acordo com José Serra: transferir capital, recursos de inteligência, unidades produtivas e áreas de exploração de petróleo para a iniciativa privada, em um contínuo processo de desmonte e privatização da maior empresa brasileira.