sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A SUPREMACIA BRANCA E O KLAN DOS TRUMP



Manifestação da KKK em 1927 onde, segundo registros, participava o pai de Donald, Fred Trump

Circula pelas redes uma foto do jovem Donald Trump abraçado com seus pais devidamente paramentados com as vestimentas da Ku Klux Klan, sociedade segregacionista de extrema direita dos Estados Unidos. Antes de correr para compartilhar a foto aviso que ela é fake. A montagem, no entanto, remete a uma dúvida - para dizer o mínimo - bastante corrente nos dias atuais nos Estados Unidos: teria sido o pai de Donald Trump um membro da KKK?

O hoje presidente do império nega. 

Em março de 2016, nos calor da campanha eleitoral estadunidense, o site Vice publicou matéria de Mike Pearl apresentando registros históricos da trajetória da clã Trump e suas ligações com a KKK.

Transcrevo algumas passagens (o texto original está em inglês e pode ser acessado aqui)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

ESCOLA DE SÃO PAULO MARCA ALUNOS PARA NÃO REPETIREM MERENDA

Escola paulistana marca mão de aluno 
Criança judia usa "marca" (estrela amarela na
roupa) imposta pelo regime nazista

Desde o início do mês, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) João Amós Comenius, na Zona Norte de São Paulo, passou a marcar a mão de estudantes com uma caneta para que não repitam a refeição. 

Em julho, o prefeito da cidade, João Doria, informou que iria mudar o cardápio das escolas porque "refeição industrializada não era saudável". 
Após a denúncia de vários órgãos de imprensa sobre o caso, a Secretaria de Educação do Município se manifestou dizendo não ter autorizado a proibição. A Prefeitura afirmou que "não é recomendável" a repetição de alimentos industrializados servidos nos intervalos (das aulas).
Se a própria Prefeitura admite que o alimento que fornece para crianças não é saudável, por que não muda? Por que não faz parcerias com agricultores familiares e produtores independentes? Não há razão nem desculpa para o ato da escola e as "explicações" da Prefeitura.

Só para lembrar: a partir de setembro de 1941, o regime nazista alemão obrigou a todos os judeus maiores de seis anos a usar uma estrela amarela na roupa como identificação. Meses depois começaram as deportações para os campos de extermínio. Marcar pessoas nunca foi um bom presságio.


  

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

UM ANO DE GESTÃO PEDRO PARENTE NA PETROBRÁS. TRABALHADORES E SOCIEDADE NÃO TÊM NADA PARA COMEMORAR


No dia 21 de julho, ao fazer um balanço de seu primeiro ano à frente da Petrobrás, Pedro Parente afirmou que o que mais o surpreendeu nesse período foi a paralisia da gerência da empresa. "A média gerência está amedrontada, paralisada", disse, em referência à Operação Lava Jato.
Os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás, no entanto, estão surpreendidos com outra situação: a voracidade do desmonte arquitetado pela equipe de Parente para entregar patrimônio e áreas estratégicas ao capital estrangeiro. 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Livro Hambre del Alma em promoção no site da Limiar





Promoção válida até o dia 31 de agosto de 2017 exclusivamente para compras pelo site da Editora Limiar 



Um belo livro sobre o feminino. Carla nos fala dos espaços e da criatividade. Sempre foi dito pela cultura patriarcal que a cozinha é um espaço de confinamento da mulher e o que a autora nos mostra é que pelo contrário, é um espaço de criatividade e libertação.

A escrita também é uma forma de liberdade e normalmente também se produz na casa, mas é capaz de nos levar muito longe.

A arte e a criatividade é uma forma de libertação e de possibilidade de um conhecimento que vai muito além do que podemos aprender na rua, no exterior, mas o mais importante é a união de ambos os lados. Garcia nos chama de volta ao corpo, não no sentido do culto da beleza do corpo, mas como a nossa morada, e onde sentimos, temos percepções do mundo exterior e interior, o físico e o espiritual se unem no corpo.

A Hambre del alma, a fome da alma, é algo que muitas mulheres sentem, e penso que os homens também, pois costumo ver o feminino como sendo algo que é do humano, assim como o masculino, e não separando isto, rejeitando desta forma a dicotomia cartesiana, a mente e o corpo, ou qualquer outra dupla, pois acredito no múltiplo. Somos muitos em um só.

Dentro da cultura patriarcal a mulher foi confinada ao lar e o homem ao mundo. Ele era o intelectual, o que escrevia, que criava, o ativo, e a mulher o passivo. O que Carla nos mostra neste belíssimo livro é que as coisas não foram exatamente assim, e as mulheres sempre encontraram formas de criar também, mas usaram outra linguagem.

Ela nos fala das receitas e de comida. A comida que nos alimenta, tanto o físico como a alma. A sociedade dividiu a gastronomia internacional e seus chefs de um lado e considerou a culinária caseira como sendo nutrição, dia a dia, não um arte. Mas será que é assim?

Na introdução  há uma abordagem muito interessante sobre a anorexia que viria substituir a histeria do século passado, ou seja, um protesto das mulheres contra sua situação cultural. "A anoréxica sente não ter domínio sobre o próprio corpo e almeja se tornar ditadora ou tirana desse reino só seu." O corpo da mulher é usado como uma forma de poder, de controle, o que acaba levando a compulsões como dietas, exercícios físicos até seus quadros mais graves como anorexia e bulimia. Outra faceta é a tentativa de manter seu corpo puro almejando a ascese espiritual, esquecendo que é justamente no corpo que as sensações se produzem, o amor, o prazer, aliás, este justamente é o grande vilão.

Adélia Prado é citada no livro: "Se me dessem licença de comer eu me curava, virava gente grande."

A mulher tem fome, é esfaimada. Garcia vai nos falar então de como escritoras saciaram esta fome da alma através da escrita, mas também da culinária, e da arte. Nos fala de Virginia Woolf, Laura Esquivel e Nélida Piñon. A narrativa é uma cura, e os cadernos de receitas muitas vezes trazem diários embutidos neles, observações e frases, além de toda arte, por que os grandes chefs são científicos, medem seus ingredientes, mas a mulher os coloca sentindo o sabor na boca, e ela sabe quando está pronto. A cozinha é um local de criatividade, de narração, as receitas contam histórias, a comida sociabiliza, acolhe, é amor, é nutrição para a alma. A comida une o público e o privado.

Infelizmente a modernidade afastou a mulher da cozinha,além de modismos, dietas que visam falsamente a purificar o corpo ou a alma, o que realmente importa  é comer sem culpa e com isto alimentar a alma.

Há vários filmes citados no livro como Tomates Verdes Fritos, Como água para chocolate, A festa de Babette e também livros, todos atendendo a esta fome.

O livro trata realmente de como fazer comida para a psique, de como alimentar esta alma esfomeada. Um belo livro.


Carla Cristina Garcia é mestre e doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde é professora e pesquisadora, e pós-doutora pelo Instituto José Maria Mora, no México. Desde a graduação se dedica a temas relacionados ao universo feminino e à pesquisa de gênero.

Aperitivo : leia aqui um trecho do livro 



QUEM ESPERAR POR BATER DE PANELAS VAI FICAR DE BARRIGA VAZIA





Em muitos posts nas redes sociais ou em conversas com amigos leio/ouço a reclamação sobre a incoerência de parte da classe média que se cala diante da enxurrada de denúncias e provas de corrupção contra o atual governo; esta mesma parcela da população que se mostrava tão raivosa contra a corrupção do antigo governo e contra as "pedaladas" de Dilma Rousseff, motivo alegado para seu impedimento da Presidência do país.

Ora, a campanha midiática capitaneada pela Rede Globo, que levou milhões às ruas entre 2013 e 2016, pedindo a queda do PT, arquiteta com maestria de deixar Goebbels invejoso, tinha a corrupção apenas como pretexto palatável aos anseios higienistas. O ódio demonstrado nas ruas - travestido de combate à corrupção - era de classe: uma parcela da população que se inconformava de ver os "de baixo" subindo e os "de cima" subindo mais ainda. "Filho de pobre na mesma escola que meus filhos?", "sentar ao lado de um pé rapado no avião?", "Preto, ops, é racismo, neguinho afrodescendente, cursando faculdade por conta de cotas e não de 'mérito"? Que governo desgraçado é esse que quer impor, da noite para o dia, uma lógica diferente da que o país vive há cinco séculos?  

Ao ser exposta a seus próprios preconceitos, essa classe média (e aqui uso o termo de maneria genérica, houve muitos desvalidos sociais que embarcaram ideologicamente nesse discurso) - apadrinhada pela mídia, pelos tucanos e pelo empresariado urbano e rural - só precisava de um mote confortável para ir às ruas expor sua ira contra o petismo, símbolo de "tudo de ruim" que ocorria - corrupção, crise econômica, empoderamento feminino e de minorias, programas sociais, respeito humano, ciclovias, blá, blá, blá. 

Quando os padrinhos dessa classe média - Fiesp, ruralistas, psdb, mídia - deixaram de ter interesse político de incentivar a boiada, cessaram os barulhos das panelas.

É mais um erro a esquerda se sentir refém do silêncio da classe média, ela nunca foi às ruas contra corrupção - seria suicídio - ela se manifestou contra a ascensão dos "de baixo", apoiou um golpe que entende esse recado e está "recolocando as coisas em ordem": lucro para os grandes, privilégios para os do meio, migalhas para os de baixo.

Caros amig_s de esquerda: esqueçam essa classe média e continuem a fazer o que se deve: protestar nas ruas e organizar os desvalidos, não pela lógica do consumo, mas pela da cidadania.