Sturm e o prefeito: ampla identidade ideológica |
O secretário de Cultura de São Paulo, André Sturm, atingiu em
seus menos de seis meses de gestão uma incômoda unanimidade: sua desastrosa “jestão”
tem sido alvo de críticas de praticamente todos os movimentos e coletivos culturais
da cidade.
Sturm assumiu após o nome do capo da Globo, José Bonifácio de
Oliveira Sobrino, o Boni, ter sido cogitado e imediatamente rechaçado. Sturm,
ex-diretor do MIS (Museu da Imagem e do Som) e coordenador da Virada Cultural, apareceu como “alguém da área”, que poderia facilitar o trânsito do prefeito de
elite com a periferia. André iniciou sua gestão falando em “diálogo”, mas o que
se viu, até agora, foi a arrogância de um gestor alinhado com o projeto ideológico
de um prefeito que vê cidadãos como consumidores.
Caderno do Plano Municipal de Cultura, produzido
pela gestão Fernando Haddad após
dezenas de audiências públicas.
Experiência democrática posta no lixo
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De sua pasta veio a decisão de apagar os grafites da Av. 23
de Maio, tornando arte de rua em um mural cinza; o Clube do Choro foi
fechado, um edital de dança cancelado e a Virada Cultural um tremendo
fiasco.
Sua mais recente “intervenção” foi xingar e ameaçar o
produtor cultural Gustavo Soares, de Ermelino Matarazzo: “vou quebrar sua cara”, disse o
Secretário para o rapaz, em audiência dia 29.mai.2017. Para seu azar, a conversa foi gravada e o áudio vazado
nas redes sociais. No dia seguinte, pediu desculpas, esfarrapadas. Duvido que
se o tal áudio não viesse a público ele teria a elegância e humildade de
telefonar para o agente cultural e se desculpar.
Arte como consumo
O que se viu de sua passagem pelo MIS é a postura ideológica
de quem aborda a arte pelo critério do consumo. Isso fica bem claro na
entrevista concedida a Julio Mario, do jornal O Estado de São Paulo, publicada
dia 18.abr.2017, antes, portando, do episódio de ameaçar e xingar agente
cultura. Ouça aqui o áudio completo, a fala aparece no final após o minuto 30.
André Sturm é a cara da atual “jestão” municipal, que não
dialoga com a sociedade e não compreende o papel do Estado como indutor de
cultura que respeita diferenças. Para ele, parece que cultura se impõe à força. Seja
derrubando hotéis com pessoas dentro, seja ¨quebrando a cara¨ de quem discorda, a lógica é a mesma. Em uma gestão democrática ele seria exonerado, na atual, deve ganhar cumprimentos do prefeito.
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