sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

SERRA SAI DO GOVERNO ALEGANDO PROBLEMAS DE SAÚDE. SERÁ?



O senador José Serra (PSDB-SP) comunicou por carta na quinta-feira (22.fev), sua saída do Ministério das Relações Exteriores. O motivo alegado foi problemas de saúde (ele passou no final do ano por uma cirurgia de coluna e queixava-se de dores e da dificuldade de fazer viagens constantes - que o cargo exige).

Argumento compreensível, principalmente de uma figura que raramente termina seus mandatos.

Conspirador de primeira linha, um dos artífices do golpe que levou Temer à cadeira da presidência, à primeira vista parece estranho que Serra simplesmente largasse a rapadura de ser governo para voltar à condição de senador, um entre 81.

À boca pequena, especulou-se em Brasília, logo após sua carta, quais seriam as verdadeiras motivações de Serra.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O DISCURSO DE RADUAN NASSAR AO RECEBER O PRÊMIO CAMÕES DE LITERATURA





Excelentíssimo Senhor Embaixador de Portugal, Dr. Jorge Cabral.
Senhor Dr. Roberto Freire, Ministro da Cultura do governo em exercício.
Senhora Helena Severo, Presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Professor Jorge Schwartz, Diretor do Museu Lasar Segall.
Saudações a todos os convidados.
Tive dificuldade para entender o Prêmio Camões, ainda que concedido pelo voto unânime do júri. De todo modo, uma honraria a um brasileiro ter sido contemplado no berço de nossa língua. 
Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo país, resplandecente desde a Revolução dos Cravos no ano anterior. Além de amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido pela imprensa, escritores e meios acadêmicos lusitanos.
Portanto, Sr.Embaixador, muito obrigado a Portugal.
Infelizmente, nada é tão azul no nosso Brasil.
Vivemos tempos sombrios, muito sombrios: invasão na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo; invasão na Escola Nacional Florestan Fernandes; invasão nas escolas de ensino médio em muitos estados; a prisão de Guilherme Boulos, membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua. Episódios todos perpetrados por Alexandre de Moraes.
Com curriculum mais amplo de truculência, Moraes propiciou também, por omissão, as tragédias nos presídios de Manaus e Roraima. Prima inclusive por uma incontinência verbal assustadora, de um partidarismo exacerbado, há vídeo, atestando a virulência da sua fala. E é esta figura exótica a indicada agora para o Supremo Tribunal Federal.
Os fatos mencionados configuram por extensão todo um governo repressor: contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e altiva de Celso Amorim. Governo atrelado por sinal ao neoliberalismo com sua escandalosa concentração da riqueza, o que vem desgraçando os pobres do mundo inteiro.
Mesmo de exceção, o governo que está aí foi posto, e continua amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal.
Prova da sustentação do governo em exercício aconteceu há três dias, quando o ministro Celso de Mello, com suas intervenções enfadonhas, acolheu o pleito de Moreira Franco. Citado 34 vezes numa única delação, o ministro Celso de Mello garantiu, com foro privilegiado, a blindagem ao alcunhado “Angorá”. E acrescentou um elogio superlativo a um de seus pares, o ministro Gilmar Mendes, por ter barrado Lula para a Casa Civil, no governo Dilma. Dois pesos e duas medidas
É esse o Supremo que temos, ressalvadas poucas exceções. Coerente com seu passado à época do regime militar, o mesmo Supremo propiciou a reversão da nossa democracia: não impediu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Íntegra, eleita pelo voto popular, Dilma foi afastada definitivamente no Senado.
O golpe estava consumado!
Não há como ficar calado.
Obrigado

A LENDA DO ANGORÁ, O SAPO BARBUDO E O PIG






Em uma distante terra tropical, um grupo de tubarões que se alimentava de petróleo e outros derivativos, por lá chamados de commodities, se uniu a vários bichos – alguns muito rasteiros – para derrubar do poder a rainha vermelha, que comandava com serenidade aquele país.  
Os tubarões, que se tinham na avenida Paulista seu imponente quartel general, chamaram o PIG, uma espécie de bruxo, com poder de influenciar as mentes menos preparadas, e o Simulacro Tribunal de Farsa, uma poderosa instituição comandada por urubus togados. Assim, PIG, tubarões e Tribunal de Farsa, juntaram forças para derrubar a Rainha.   
A Rainha Vermelha contava com o apoio de grande parte da população, mas essa estava confusa com tantas magias que o PIG diariamente lançava sobre suas cabeças. O povo passou a ter mais escola, mais emprego, mais dinheiro, mas o PIG dizia que tudo aquilo era mentira e o povo, confuso, não sabia mais em que acreditar.
A Rainha, então, convocou um de seus guerreiros, o Sapo Barbudo, para lhe ajudar. “Vou te condecorar ministro da Casa Civil”, disse ela a seu mais valoroso súdito.
Temendo o poder do Sapo, o PIG lançou todas as suas magias para nublar a cabeça do povo e deixar o caminho livre para o Tribunal de Farsa não permitir a nomeação do Sapo.
Um dos braços do PIG (sim ele tinha muitos braços), um tal “Estadão” assim lançou sua malevolência no dia 16 de abril de 2016, em um troço chamado “editorial”

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

MÍDIA GOLPISTA AGORA POSA DE INOCENTE




De repente, arautos do golpe que pregavam que o país vivia sob o “inferno vermelho” da administração do PT, passam a fingir que “não tenho nada a ver com isso”.

Arnaldo “Jabobo” (alcunha colocada pelos seus “colegas” de Rede Globo) em um de seus sebosos comentários na Rádio CBN, dia 26 de janeiro, afirmou que tudo parecia ir bem com a subida de Temer (leia-se golpe), mas agora, no início de 2017, descobrimos que a corrupção é secular, que “estamos perdendo a ilusão”... e por aí segue a choramingueira.

Pobrezinho do Jabobo, ele acreditava que a corrupção era coisa de petralha, que a esperança era um político carcomido e entreguista que esposou uma donzelinha do interior e agora, no alvorecer do ano do galo de fogo (no horóscopo chinês), descobre que tudo que contaram para ele era mentira. O dó!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A PRIMEIRA ENTREVISTA DE MARISA LETÍCIA




Em 1989, no auge da disputa eleitoral entre Lula e Fernando Collor, eu e um pequeno grupo de amigos (Denise Gorzceski, Marcos Paixão e Renato Rovai), recém-saídos da faculdade de Jornalismo, editávamos uma revista chamada Aliás – que durou exatos dois números e meio... (o terceiro não chegou a ser impresso).
Para o número dois, eu e o Renato entrevistamos dona Marisa Letícia, já uma guerreira, que acompanhava o marido Lula desde sua trajetória no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Segundo dona Marisa, na época, aquela era a primeira vez que um veículo de imprensa comercial a entrevistava.
Recentemente, Rovai me enviou a matéria em PDF, que reproduzo aqui. Quando perguntada se a eventualidade de se tornar primeira dama da República a assustava, ela respondeu: “Não, não me assusta, porque me sinto igual a elas [outras poderosas primeiras damas espalhadas pelo mundo]. Não sei se o PT vai encaminhar dessa forma o papel da mulher do presidente, mas se for para ser assim, acho que não haverá problema algum. Eu não me sinto inferior a ninguém”.

A história provou que a firmeza, a coragem e a sensibilidade de dona Marisa eram garantias para não ser nem se sentir inferior a ninguém... muito pelo contrário, a tornaram figura ímpar ao lado de seu companheiro Lula.  
Não sei se de fato foi a primeira entrevista de dona Marisa, mas me orgulho muito de tê-la feito.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A FICHA CORRIDA DE JOVAIR ARANTES, CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA



Para a disputa pela Presidência da Câmara - cargo que já abrigou nomes como Ulisses Guimarães e despencou até eleger Severino Cavalcanti e Eduardo Cunha – tem hoje como um dos postulantes o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que foi figura de destaque na armação do processo contra a presidente Dilma Rousseff como relator do impeachment na Câmara. 

Membro do chamado baixo clero da Câmara (deputados com pouca expressão política), Jovair se tornou líder do PTB sob as bênçãos de Roberto Jefferson (ex-presidente da sigla preso por corrupção), foi aliado incondicional de Eduardo Cunha e tem um passado político que mais pode ser considerado uma ficha corrida do que um currículo de serviços prestados à nação.


Improbidade, tráfico de influência e corrupção eleitoral 
Em 2011, o deputado foi acusado pelo Ministério Público Federal de Goiás de improbidade administrativa, tráfico de influência e corrupção eleitoral. De acordo com denúncia da “Operação Guia”, interceptações telefônicas revelaram a participação ativa do deputado em esquema de trocas de favores envolvendo desde a indicação de cargos dentro do INSS a concessão de benefícios a correligionários.

O ex-gerente do INSS em Goiás, José Aparecido, afirmou no inquérito ter recebido pedido de Jovair Arantes para intervir na nomeação de Antônio Donizete para o cargo de chefe do INSS no município de São Luis dos Montes Belos (GO), dizendo tratar-se de uma vontade manifestada pela Maçonaria. (Confira aqui

Sanguessugas
Jovair também foi apontado como sócio de um consórcio montado em parceria com o PMDB para desviar dinheiro da Conab, então chefiada por Evangevaldo Moreira, homem de sua confiança. O escândalo acabou derrubando o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, mas não chegou a atingir o deputado goiano.

O herói da Veja durante o impeachment recebeu da revista, em 2012, o seguinte comentário. “Jovair também já foi investigado por envolvimento com a chamada máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro destinado à compra de ambulâncias, e, mais recentemente, teve seu nome relacionado às fraudes com dinheiro de emendas do Ministério do Turismo. Isso sem falar nas denúncias que envolvem os órgãos controlados por seus apadrinhados no governo estadual de Goiás, que costuma apoiar sempre, qualquer que seja o governador. Trata-se, portanto, de um personagem recorrente da crônica político-policial.” (clique aqui para ler a reportagem)

Máfia das ambulâncias
Jovair também é citado na "Operação Monte Carlo" como um dos principais interlocutores do bicheiro Carlinhos Cachoeira e teve seu nome envolvido no escândalo da Máfia das Ambulâncias. 

Em outra denúncia, Osmar Pires Martins Júnior, ex-secretário de Meio Ambiente de Goiânia e presidente da Agência Goiana de Meio Ambiente até 2006 acusa Jovair Arantes de pedir dinheiro para reconduzi-lo ao cargo. Em um documento de 24 páginas entregue ao Ministério Público em 2011, Pires declara. "O deputado [Jovair Arantes] queria R$ 4 milhões para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade do órgão público".

Em agosto de 2014, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia apresentada por MPF de Goiás. O relator do processo INQ 3752 era Gilmar Mendes (para quem não o conhece, confira aqui). Para o relator, a conduta dos parlamentares não teve ligação com o fim especial de obter voto dos eleitores com que se comunicavam.

Mais recentemente, em fevereiro deste ano, Jovair, já líder do PTB, forcou a troca do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) pelo deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) na Comissão de Ética da Câmara que investiga o presidente da casa, Eduardo Cunha. O motivo era a tendência de Faria de Sá votar contra Cunha. Capixaba ficou na comissão menos de uma semana, o suficiente para registrar seu voto a favor das manobras de Cunha.

É essa cria mal ajambrada do que de pior a política brasileira produz que postula se tornar presidente da Câmara e estar na linha sucessória direta da presidência da República.