quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Greve de fome contra reforma da Previdência entra no 10º dia







No dia 14 de dezembro completam 10 dias do início da greve de fome, de luta e resistência contra a Reforma da Previdência. Os mais de 40 grevistas em todo país sabem do desafio que é imposto a privação de se alimentar, mas visto o nível de retirada de diretos que se encontra é uma das ações que estão dispostos a fazer para contribuir com a derrocada dessa Reforma, esse é um aviso prévio das ações que eles irão executar caso essa Reforma venha a ser votada.
Para o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) este é um momento histórico de retirada de direitos, mas os camponeses e camponesas não aceitam as manobras do Governo Golpista contra a Classe Trabalhado, em especial quando se trata da Reforma da Previdência. A Greve de Fome significa que alguns passarão fome por alguns dias para evitar que muitos passem fome uma vida inteira.
Nesta quinta-feira as ações nos Estados de SC, RS, SE, ES, RO, BA, PI, PE, GO e AL seguem com Greve de Fome, Dia de Fome, atos e vigílias de denúncia da Reforma da Previdência na Agências do INSS e Câmaras Legislativas, de onde “só sairemos quando colocarmos uma pá de cal em cima dessa Reforma”, como relata Josi Conta, grevista há 10 dias na Câmara dos Deputados em Brasília.
Ao longo desses 10 dias os grevistas receberam milhares de mensagens de apoio e solidariedade de todos os cantos do país de artistas, lideranças políticas, pessoas que se solidarizaram com a causa. Como diz Leila Denise, grevista há 10 dias, “essa greve de fome também tem como objetivo mobilizar a sociedade e denunciar o que essa reforma previdenciária, se aprovada, irá causar, irá levar milhões de brasileiros à miséria”.
O estado de saúde do grevistas, com o passar dos dias começam aparecer os primeiros sinais de debilidade, “os que estão há mais dias estão mais frágeis que os demais, logo demandam de maior atenção”, explica Ronald Wolff, médico que acompanha os grevistas em Brasília.
Fonte: MPA

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

AGRICULTORES FAZEM GREVE DE FOME CONTRA REFORMA DA PREVIDÊNCIA


Frei Sergio Görgen, Leila Meuer e Josi Costa

Os militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), frei Sergio Görgen, Leila Denise Meurer e Josi Costa, iniciaram uma greve de fome contra a Reforma da Previdência, na manhã da terça-feira, 5, na Câmara dos Deputados. Ao final daquele dia, decidiram dar continuidade ao protesto na sede da Federação Nacional do Jornalistas (Fenaj), em Brasília.
Eles deixaram a Câmara dos Deputados devido ao local não oferecer condições adequadas de permanência. “Como não sabemos quantos dias a greve vai durar, precisamos de descanso, sossego e economia de energia. E lá é muito agitado. Além não ter local para tomarmos banho. Além disso, o regimento da casa não permitia que usássemos os banheiros públicos depois do horário de expediente”, explicou Görgen.

Com o gesto, os militantes do MPA querem pressionar e sensibilizar os deputados a votarem contra a reforma da Previdência, que, caso seja aprovada, deve acabar com a aposentadoria dos trabalhadores, principalmente os do campo.

Novas adesões
Segundo o MPA, a proposta é a greve durar até o dia 18, data marcada pela Câmara para a votação da reforma. "A partir de segunda-feira outros companheiros irão se somar nesta greve e a perspectiva é que o MST e outros movimentos se juntem realizando greves de fome nas assembleias estaduais pelo país afora. Estamos em greve de fome para que o Brasil não passe fome", declarou ao blog um integrante do MPA.
(com informações da Fenaj)

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

MP 795: R$ 1 trilhão para as petrolíferas estrangeiras em isenções


Plenário da Câmara durante votação: foto de Luiz Macedo
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (29.nov.2017), por 208 votos a favor e 184 contra, o texto base da Medida Provisória 795/2017 que, entre outras decisões, concede isenção de impostos para petrolíferas estrangeiras. Segundo estudos da Consultoria Legislativa da Câmara, esta MP vai custar aos cofres públicos a perda de R$ 1 trilhão em arrecadação nos próximos 25 anos. (leia aqui matéria sobre o tema publicada no blog).

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Notícia falsa e interesses verdadeiros


“Fake News” (notícias falsas) é uma expressão nova, que ganhou popularidade a partir da campanha presidencial estadunidense, que elegeu Fake Trump. Contra essa corrente, que dissemina nas redes sociais qualquer informação sem comprovação existe a tendência de se procurar a “mídia séria” para se saber a verdade. Será?
De fato, a chamada mídia tradicional tem, ou deveria ter, o compromisso de checar informações antes de publicá-la e procurar dar a versão mais isenta possível. Coitado de quem acredita que isso ocorre no dia a dia das redações.
Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, império de comunicação que reinou por quase 60 anos no Brasil, descaradamente inventava notícias para atacar seus oponentes. Com os Marinho, da Rede Globo, não é diferente. É notório o caso de um famoso jornal paulistano, que já não existe, cujo diretor de redação telefonava – geralmente em estado já alterado - a altas horas para a redação para ditar a manchete do dia seguinte, pouco interessando se ela condizia com a verdade da matéria. Nas eleições de 1982, circulavam fotos de uma mansão no Morumbi atribuída a Lula, então candidato a governador de São Paulo. Em 1989, na eleição presidencial, diversos veículos noticiaram que o PT havia sequestrado o empresário Abílio Diniz. Não faltam exemplos de quão “criteriosa” e “ética” é nossa mídia.
Com a possibilidade de qualquer pessoa ou grupo se tornar um emissor de notícias e a rede fazer o papel de ventilador a espalhar por quatro cantos do planeta, a primazia da mentira saiu dos grandes veículos de comunicação e passou a ser prática cotidiana.

General de araque, perigo verdadeiro
Uma das mais recentes é um áudio que circula por grupo de whatsapp, em que um general Aureliano defende a intervenção militar, diz que todo o Congresso é corrupto e que altas patentes do exército já se mobilizam para concretizar o golpe militar. Mesmo tendo quase certeza de se tratar de mais um fake, consultei a assessoria de imprensa do Exército, que informou não haver nenhum general Aureliano em seus quadros. Se ele é um oficial reformado não cabe à corporação ajuizar suas opiniões, mas nem nos quadros de aposentados consta o tal general, informou a assessoria ao blog.
Em política existe o chamado “balão de ensaio” (outro termo para o atual “fake”), ou seja, lança-se uma notícia para detectar a reação do público ou de setores interessados. Por exemplo: o animador de plateia Luciano Huck é um forte candidato a presidência... vamos ver se cola e qual é a reação dos empresários, dos políticos tradicionais etc. Se não decolar, volta-se atrás e vida que segue...
O mesmo raciocínio vale para o áudio do dito general. Após a divulgação várias manifestações de apoio ao golpe surgiram como forma “espontânea” da população. É uma maneira singular de ir criando um perigoso caldo de cultura, mas é assim que o ovo da serpente se choca, bem embaixo de nossos incautos narizes.    

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

ATO DE SOLIDARIEDADE AOS 18 JOVENS DETIDOS NO CENTRO CULTURAL



No dia 4 de setembro de 2016, 19 jovens e três adolescentes foram presos no Centro Cultural São Paulo quando se preparavam para participar de uma manifestação pelas eleições diretas. Entre eles havia um capitão do exército infiltrado responsável por armar a prisão desses jovens, que lutavam por democracia.

Foram levados ao DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais) onde ficaram ilegalmente detidos por 30 horas e impedidos de se comunicar com suas famílias e advogados. Esses jovens estão sendo acusados de associação criminosa e corrupção de menores.

Nesta sexta-feira, 10.nov.2017, às 14 horas, grupos de solidariedade a esses 18 jovens farão um ato em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, onde ocorre nova audiência do caso.

É importante a presença de quem puder comparecer para pressionar que a justiça seja feita e esses jovens não sejam condenados por participar de uma manifestação que reuniu mais de 100 mil pessoas. A grotesca tentativa de incriminar esses manifestantes é um perigoso precedente para a democracia, já tão abalada no país pós golpe.

Para saber mais e acompanhar o movimento de solidariedade acesse facebook.com/solidariedadeaos18doccsp  

O Fórum Criminal da Barra Funda fica na Av. Doutor Abraão Ribeiro, 313, São Paulo.

Leia também
http://sociedadepoliticaecultura.blogspot.com.br/2017/09/jovens-serao-julgados-por-defender.html

terça-feira, 31 de outubro de 2017

RESPEITA AS MINA




Fui assistir ao jogo do Palmeiras x Cruzeiro (30.out.2017) em um bar nas imediações do Allianz Parque (que continuo a chamar de Parque Antártica). É sempre uma experiência divertida e interessante quando não acaba em confusão (coisa que nunca presenciei ali).

Jogo nervoso, Cruzeiro à frente desde o início da partida por conta de um gol contra de Juninho, tensão na torcida que assistia pelo telão do bar. Xingamentos, muitos xingamentos, a cada passe mal dado, a cada roubada de bola do adversário, a cada lance. 

Xingava-se juiz, jogadores do time adversário, do próprio time, técnicos, até que do meio da pequena multidão que ocupava uma faixa da rua veio o grito - endereçado a um jogador do Cruzeiro, que obviamente não ouviria: "Eu já comi a vagabunda da sua irmã". Ao mesmo tempo, outra voz anônima, masculina, retrucou: "Respeita as mina". 

Por uma fração de segundo se fez silêncio. O "comedor" de irmãs de cruzeirense nada disse, ninguém vaiou, ninguém saiu em sua defesa, os olhos continuaram fixos na tela até explodir de alegria com o gol de empate do palestra verde.

Até o final da partida muitos outros palavrões foram ouvidos, muitos "tomar no cu", "caralho", "lixo", mas nenhum mais diretamente ofensivo à condição feminina.

Xingar pode, mas respeita as mina.  

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

RELATÓRIO DA CPI AFIRMA QUE NÃO HÁ DÉFICIT NA PREVIDÊNCIA



Senadores Hélio José (PROS-DF) e Paulo Paim (PT-RS), relator e presidente
a CPI da Previdência  
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência aprovou na quarta-feira, 25, o relatório do senador Hélio José (PROS-DF), que mostra que a Previdência não é deficitária, mas sofre um problema de gestão. “São absolutamente imprecisos, inconsistentes e alarmistas os argumentos reunidos pelo governo federal sobre a contabilidade da Previdência Social, cujo objetivo é a aprovação da PEC 287” (reforma da Previdência), afirmou o senador no dia 23, ao apresentar o resultado de seu relatório. O relatório foi aprovado por unanimidade na CPI, após um acordo para a retirada do pedido de indiciamento dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil). “Esta é a casa do bom acordo”, definiu o senador Hélio José.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A VOZ DO EMPRESARIADO


REFORMA TRABALHISTA: PROJETO PARA AUMENTAR O LUCRO DO CAPITAL


Há dez anos, em 2007, durante o Fórum Social Mundial realizado em Nairóbi (Quênia) um dos principais temas da pauta das entidades trabalhistas era a discussão sobre "trabalho decente". Europa e Estados Unidos começavam a dar sinais de chegada de uma grande crise cuja corda, como de costume na história do capitalismo, tenderia a arrebentar do lado dos assalariados.
O colapso norte americano em 2008, levando consigo grandes economia mundiais, atingiu pouco o Brasil na época, por conta da política de crescimento interno desenvolvida pelo governo, utilizando empresas e políticas públicas como "colchão" contra a crise que afetada boa parte do mundo.
O Brasil passou por essa fase da crise sem grandes sustos, mantendo a estabilidade econômica e o quase pleno emprego.

Modelo espanhol
Desde o início do século, a população da Espanha convive com o drama de elevadas taxas de desemprego no país (acima de 20% da mão de obra ativa), fruto, entre outros fatores, do conturbado processo de construção da União Europeia.
Em fevereiro de 2012, o país aprovou um projeto de reforma trabalhista cujo propósito explícito era reduzir a contratação de mão de obra temporária (trabalho precarizado) e diminuir taxas de desemprego, via redução salarial e de jornada e enfraquecer a representação sindical.
Logo após a entrada em vigor da reforma trabalhista espanhola o desemprego deu um salto estratosférico, chegando a quase 27% da população (principalmente, jovens). Analistas da economia espanhola identificam que isso ocorreu como forma de "reciclagem" salarial, ou seja, demissões em massa para recontratar com salários e direitos menores.  Dados oficiais do governo ibérico apontam para um redução constante da massa salarial. Entre 2011 e 2015, a renda média dos assalariados caiu 800 euros (cerca de 2.700 reais) por ano.
A desregulamentação laboral na Espanha foi uma das principais bases para o modelo brasileiro aprovado pelo governo golpista.

Desemprego a jato
A partir de 2004, as taxas de desemprego no país caíram constantemente, de 12,3% em 2003 para 5% em 2014. O início da operação Lava Jato, o cerco midiático contra a Petrobrás (responsável, então, por 13% do PIB brasileiro) e erros na condução da política econômica romperam esse círculo virtuoso.



Segundo matéria da revista Carta Capital, de março deste ano, a Operação Lava Jato é responsável por 3 a 4 milhões de desempregos no país nos últimos dois anos.  Em abril deste ano, a taxa de desemprego atingiu o índice recorde de 13,7% da PEA.
Assim, empresários, políticos conservadores, judiciário e mídia abriram a caixa de Pandora da crise para derrubar o governo Dilma, causando para isso a paralisia do país. Dado o golpe, utilizam a crise que gestaram para aprovar leis, como a reforma trabalhista e da terceirização, que visam, principalmente, reduzir o custo do trabalho ou, em bom português, aumentar os lucros já bilionários do empresariado.


Está é a lógica da nova regulamentação do trabalho, que entra em vigor em novembro e irá afetar a todos os assalariados.

Enfraquecer a representação
Assim como o modelo espanhol, a lei brasileira, além de diminuir o custo da mão de obra, enfraquece a representação sindical, que é o escudo dos trabalhadores contra a completa precarização do trabalho.
"Diante deste quadro temos de resistir e iremos para a greve se for necessário. No contexto do país, isso só começará a ser revertido quando elegermos um Congresso progressista e tirarmos os golpistas dos assentos que ocuparam por meio desta grande conspiração corrupta", afirma o coordenador do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, Juliano Deptula.


terça-feira, 17 de outubro de 2017


Enquanto aumenta o valor do gás, governo abre mão de R$ 1 trilhão em incentivos fiscais






O governo anunciou no dia 10.out.2017 novo aumento do valor do gás de cozinha. É a quarta alta em dois meses, o que fez o valor do botijão atingir uma alta acumulada de 44,8% (em dois meses!).

Enquanto as panelas que batiam em protesto ao governo anterior vão ao forno com esse expressivo aumento, está para ser votado no Congresso a Medida Provisória 795/2017, editada em setembro e que garante incentivos fiscais para a exploração do petróleo – uma renúncia fiscal calculada em R$ 1 trilhão de reais conforme estudos da Consultoria Legislativa da Câmara.

A MP 795 seguiu tramitação em tempo recorde em uma Comissão Mista presidida por José Serra, conhecido defensor dos interesses das petrolíferas estrangeiras. Após a rápida tramitação, Serra renunciou à presidência da Comissão no início de outubro. O relator é o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ). A intenção do governo é aprovar a MP até o dia 27 deste mês, quando a ANP (Agência Nacional de Petróleo) realizará a segunda rodada de leilões nas áreas do pré-sal. 

Pelas regras da medida provisória, a participação do Brasil em cada barril – na prática, a porcentagem que o país recebe de cada um deles – passará de 59,7% para 40%, uma das mais baixas do mundo.

O estudo da Consultoria Legislativa compara a participação estatal em vários países (veja reprodução ao lado) mostrando a posição do Brasil como uma das mais baixas do mundo, atrás da Líbia, Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Canadá e Venezuela, entre outros.    

O Congresso abriu consulta pública sobre a MP. Para participar acesse o link http://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/130444.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O PIOR CHÊ DE TODOS OS TEMPOS


Dia 9 de outubro completou 50 anos da morte do revolucionário Ernesto Chê Guevara. Argentino de nascimento, cidadão do mundo, comandante da revolução cubana, Chê foi assassinado na Bolívia quando tentava organizar a guerrilha naquele país.

Seu nome, seus ideais e sua estampa se tornaram símbolos mundiais de gerações que lutam por liberdade e utopia.

Entretanto, em 1969, dois anos após a sua morte, eis que Hollywood decide produzir um filme sobre a “vida” de Chê Guevara. Por “Hollywood” entenda-se a CIA. A revolução cubana completava dez anos, se fortalecia apesar de todo o boicote mundial (exceto da União Soviética e aliados), e representava uma ameaça direta aos projetos de controle dos EUA sobre o restante das Américas.

Ao mesmo tempo, a morte de Chê Guevara o elevara à condição de mito e herói mais do tivera em vida. Morto o homem, o império precisava matar o mito e tentou fazê-lo da forma que havia aprendido com Joseph Goebbels, ideólogo do nazismo que “ensinou” que uma mentira repetida mil vezes vira verdade.

O maior erro da carreira de Omar Sharif. Segundo ele próprio
Um vigoroso orçamento (para a época) de US$ 3 milhões, um elenco com atores de primeira, como o egípcio Omar Sharif (Chê) e Jack Palance (Fidel), e direção de Richard Fleischer, veterano diretor que um ano antes havia dirigido The Boston Strangler (O homem que odiava as mulheres), foram convocados para produzir a película “Chê!” (que no Brasil ainda ganhou o péssimo complemento de “a causa perdida”).

Jack Palance é um Fidel patético
Para tentar dar maior veracidade ao enredo, a narrativa mescla a forma de documentário com ficção. Na película, um patético Fidel Castro, eternamente de charuto na boca, que não sabe bem o que está fazendo no filme, na revolução e na vida, e um Chê Guevara frio e assassino, que coloca seu sadismo e descaso pela humanidade a serviço de seus interesses revolucionários. Não faltam mortes desnecessárias (para a revolução), hordas de “simples cubanos” sendo enviados para o paredão (fuzilamento) por ordem de Chê (enquanto Fidel, sempre de charuto na boca, está embriagado pelo poder), estupros e “depoimentos verídicos” de cubanos que afirmam odiar Chê e todo seu legado.   

E assim se desenrola o filme criando uma caricatura do comande Chê até culminar na grotesca última cena em que ele é capturado e antes de ser executado recebe a visita de um camponês boliviano, que diz que a vida só piorou depois que o comandante quis exportar sua revolução para o continente. Abatido, Chê aceita sua sentença como prova de seu fracasso mundial. Nada mais ridículo.
Cena em que Chê assina autorizações para fuzilamento
em massa sob olhares consternados da igreja e populares

Antes de o filme estrear, em 1969, Omar Sharif concedeu várias entrevistas afirmando que admirava Ernesto Guevara (sem concordar, necessariamente com seus métodos). Uma delas pode ser acessada aqui (em inlgês).

A recepção do público, no entanto, fez Sharif ter a exata dimensão da roubada em que havia embarcado. Em Paris, uma sala de cinema chegou a ser depredada e incendiada após a exibição do filme.


Em 2007, Omar Sharif admitiu publicamente que aquele foi o pior filme de sua vida e que toda a história e o roteiro foram manipulados pela agência estadunidense de inteligência. "Eu exigi fazer um filme que não tivesse um tom fascista", lembra Sharif, em entrevista à Agência Efe. A CIA estava por trás, queria fazer um filme que agradasse aos cubanos de Miami e eu só me dei conta disso no final", afirmou que ator que classificou o filme como um “produto fascista”. 

sábado, 7 de outubro de 2017

PRESIDENTE DA PETROBRÁS OFERECE ATÉ BEIJO PARA PRIVATISTAS



O jornal britânico Financial Times publicou reportagem na sexta-feira, 6 sobre as negociações da Petrobras para privatizar a BR Distribuidora.  Segundo a matéria, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, afirmou: "Temos de estar sempre preparados para que, se o mercado sorrir para nós, podemos ir até lá e dar um beijo".
O periódico britânico, tido como portavoz do grande empresariado internacional, é francamente privatista e traça um cenário que aponta as vantagens dos investimentos estrangeiros na Petrobrás e suas subsidiárias – a BR Distribuidora está com valor estimado entre R$ 30bi e R$ 40bi, uma pechincha que já levou grupos nacionais, como o Itaúsa e a rede Lojas Americanas e se interessarem pelo negócio privatista.
Por que uma rede de lojas teria interesse em distribuição de gasolina? Além do lucro garantido da operação, pense nas milhares de lojas de conveniência dos postos de gasolina e terá uma boa ideia por andam passam os interesses do mercado privado e de seus lacaios entreguistas, que estão em postos de comando de empresas estratégicas, como é o caso de Pedro "Prada" Parente.
A matéria completa do Financial Times pode ser acessada pelo link https://www.ft.com/content/4a7b66f2-a377-11e7-b797-b61809486fe2?mhq5j=e5 (em inglês). O site Brasil 247 publicou uma versão resumida da matéria em português (https://www.brasil247.com/pt/247/economia/321155/Financial-Times-Parente-corre-para-vender-BR-Distribuidora.htm)     
Pedro Parente e o Conselho de Administração seguem firmes em seu intento de desmontar a maior companhia do país. Os gringos agradecem, mas declinam do beijo.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

JOVENS SERÃO JULGADOS POR DEFENDER A DEMOCRACIA



Nesta sexta-feira, 22.set.2017, acontece no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, o julgamento dos jovens detidos em setembro de 2016, após ação do então capitão Exército Willian Pina Botelho, infiltrado na manifestação. Os rapazes e moças estavam na Av Paulista e iriam participar de um ato pelas diretas já 
Os jovens serão julgados pelos crimes de associação criminosa e corrupção de menores. Durante a prisão foram encontrados com os jovens máscaras, capuzes, um skate e vinagre, usado para minimizar os efeitos do gás lacrimogêneo. Esses objetos embasaram a denúncia do Ministério Público Estadual aceita pela juíza Cecília Pinheiro da Fonseca.
Acompanhe no vídeo o depoimento de Miguel Perrella, pai de um dos jovens presos.
Entidades de direitos humanos e organizações populares estão se mobilizando para acompanhar o julgamento.
Enquanto os garotos e garotas estão sendo processados por defender a democracia, o Willian Botelho foi promovido a major.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Conheça o catálogo da Limiar



Se você ainda não conhece os títulos da Limiar, confira o catálogo da Editora, disponível pelo Issuu ou por PDF


    

Os livros são apresentados nas seguintes categorias:

- Literatura
- Jornalismo
- Estudos literários
- Romance policial
- Poesia
- Sociedade

Adquirindo pelo site da Limiar você tem frete grátis para todo o país.

Conheça, também, a biblioteca virtual da Limiar, projeto que disponibiliza livros grátis para download.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A SUPREMACIA BRANCA E O KLAN DOS TRUMP



Manifestação da KKK em 1927 onde, segundo registros, participava o pai de Donald, Fred Trump

Circula pelas redes uma foto do jovem Donald Trump abraçado com seus pais devidamente paramentados com as vestimentas da Ku Klux Klan, sociedade segregacionista de extrema direita dos Estados Unidos. Antes de correr para compartilhar a foto aviso que ela é fake. A montagem, no entanto, remete a uma dúvida - para dizer o mínimo - bastante corrente nos dias atuais nos Estados Unidos: teria sido o pai de Donald Trump um membro da KKK?

O hoje presidente do império nega. 

Em março de 2016, nos calor da campanha eleitoral estadunidense, o site Vice publicou matéria de Mike Pearl apresentando registros históricos da trajetória da clã Trump e suas ligações com a KKK.

Transcrevo algumas passagens (o texto original está em inglês e pode ser acessado aqui)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

ESCOLA DE SÃO PAULO MARCA ALUNOS PARA NÃO REPETIREM MERENDA

Escola paulistana marca mão de aluno 
Criança judia usa "marca" (estrela amarela na
roupa) imposta pelo regime nazista

Desde o início do mês, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) João Amós Comenius, na Zona Norte de São Paulo, passou a marcar a mão de estudantes com uma caneta para que não repitam a refeição. 

Em julho, o prefeito da cidade, João Doria, informou que iria mudar o cardápio das escolas porque "refeição industrializada não era saudável". 
Após a denúncia de vários órgãos de imprensa sobre o caso, a Secretaria de Educação do Município se manifestou dizendo não ter autorizado a proibição. A Prefeitura afirmou que "não é recomendável" a repetição de alimentos industrializados servidos nos intervalos (das aulas).
Se a própria Prefeitura admite que o alimento que fornece para crianças não é saudável, por que não muda? Por que não faz parcerias com agricultores familiares e produtores independentes? Não há razão nem desculpa para o ato da escola e as "explicações" da Prefeitura.

Só para lembrar: a partir de setembro de 1941, o regime nazista alemão obrigou a todos os judeus maiores de seis anos a usar uma estrela amarela na roupa como identificação. Meses depois começaram as deportações para os campos de extermínio. Marcar pessoas nunca foi um bom presságio.


  

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

UM ANO DE GESTÃO PEDRO PARENTE NA PETROBRÁS. TRABALHADORES E SOCIEDADE NÃO TÊM NADA PARA COMEMORAR


No dia 21 de julho, ao fazer um balanço de seu primeiro ano à frente da Petrobrás, Pedro Parente afirmou que o que mais o surpreendeu nesse período foi a paralisia da gerência da empresa. "A média gerência está amedrontada, paralisada", disse, em referência à Operação Lava Jato.
Os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás, no entanto, estão surpreendidos com outra situação: a voracidade do desmonte arquitetado pela equipe de Parente para entregar patrimônio e áreas estratégicas ao capital estrangeiro. 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Livro Hambre del Alma em promoção no site da Limiar





Promoção válida até o dia 31 de agosto de 2017 exclusivamente para compras pelo site da Editora Limiar 



Um belo livro sobre o feminino. Carla nos fala dos espaços e da criatividade. Sempre foi dito pela cultura patriarcal que a cozinha é um espaço de confinamento da mulher e o que a autora nos mostra é que pelo contrário, é um espaço de criatividade e libertação.

A escrita também é uma forma de liberdade e normalmente também se produz na casa, mas é capaz de nos levar muito longe.

A arte e a criatividade é uma forma de libertação e de possibilidade de um conhecimento que vai muito além do que podemos aprender na rua, no exterior, mas o mais importante é a união de ambos os lados. Garcia nos chama de volta ao corpo, não no sentido do culto da beleza do corpo, mas como a nossa morada, e onde sentimos, temos percepções do mundo exterior e interior, o físico e o espiritual se unem no corpo.

A Hambre del alma, a fome da alma, é algo que muitas mulheres sentem, e penso que os homens também, pois costumo ver o feminino como sendo algo que é do humano, assim como o masculino, e não separando isto, rejeitando desta forma a dicotomia cartesiana, a mente e o corpo, ou qualquer outra dupla, pois acredito no múltiplo. Somos muitos em um só.

Dentro da cultura patriarcal a mulher foi confinada ao lar e o homem ao mundo. Ele era o intelectual, o que escrevia, que criava, o ativo, e a mulher o passivo. O que Carla nos mostra neste belíssimo livro é que as coisas não foram exatamente assim, e as mulheres sempre encontraram formas de criar também, mas usaram outra linguagem.

Ela nos fala das receitas e de comida. A comida que nos alimenta, tanto o físico como a alma. A sociedade dividiu a gastronomia internacional e seus chefs de um lado e considerou a culinária caseira como sendo nutrição, dia a dia, não um arte. Mas será que é assim?

Na introdução  há uma abordagem muito interessante sobre a anorexia que viria substituir a histeria do século passado, ou seja, um protesto das mulheres contra sua situação cultural. "A anoréxica sente não ter domínio sobre o próprio corpo e almeja se tornar ditadora ou tirana desse reino só seu." O corpo da mulher é usado como uma forma de poder, de controle, o que acaba levando a compulsões como dietas, exercícios físicos até seus quadros mais graves como anorexia e bulimia. Outra faceta é a tentativa de manter seu corpo puro almejando a ascese espiritual, esquecendo que é justamente no corpo que as sensações se produzem, o amor, o prazer, aliás, este justamente é o grande vilão.

Adélia Prado é citada no livro: "Se me dessem licença de comer eu me curava, virava gente grande."

A mulher tem fome, é esfaimada. Garcia vai nos falar então de como escritoras saciaram esta fome da alma através da escrita, mas também da culinária, e da arte. Nos fala de Virginia Woolf, Laura Esquivel e Nélida Piñon. A narrativa é uma cura, e os cadernos de receitas muitas vezes trazem diários embutidos neles, observações e frases, além de toda arte, por que os grandes chefs são científicos, medem seus ingredientes, mas a mulher os coloca sentindo o sabor na boca, e ela sabe quando está pronto. A cozinha é um local de criatividade, de narração, as receitas contam histórias, a comida sociabiliza, acolhe, é amor, é nutrição para a alma. A comida une o público e o privado.

Infelizmente a modernidade afastou a mulher da cozinha,além de modismos, dietas que visam falsamente a purificar o corpo ou a alma, o que realmente importa  é comer sem culpa e com isto alimentar a alma.

Há vários filmes citados no livro como Tomates Verdes Fritos, Como água para chocolate, A festa de Babette e também livros, todos atendendo a esta fome.

O livro trata realmente de como fazer comida para a psique, de como alimentar esta alma esfomeada. Um belo livro.


Carla Cristina Garcia é mestre e doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde é professora e pesquisadora, e pós-doutora pelo Instituto José Maria Mora, no México. Desde a graduação se dedica a temas relacionados ao universo feminino e à pesquisa de gênero.

Aperitivo : leia aqui um trecho do livro 



QUEM ESPERAR POR BATER DE PANELAS VAI FICAR DE BARRIGA VAZIA





Em muitos posts nas redes sociais ou em conversas com amigos leio/ouço a reclamação sobre a incoerência de parte da classe média que se cala diante da enxurrada de denúncias e provas de corrupção contra o atual governo; esta mesma parcela da população que se mostrava tão raivosa contra a corrupção do antigo governo e contra as "pedaladas" de Dilma Rousseff, motivo alegado para seu impedimento da Presidência do país.

Ora, a campanha midiática capitaneada pela Rede Globo, que levou milhões às ruas entre 2013 e 2016, pedindo a queda do PT, arquiteta com maestria de deixar Goebbels invejoso, tinha a corrupção apenas como pretexto palatável aos anseios higienistas. O ódio demonstrado nas ruas - travestido de combate à corrupção - era de classe: uma parcela da população que se inconformava de ver os "de baixo" subindo e os "de cima" subindo mais ainda. "Filho de pobre na mesma escola que meus filhos?", "sentar ao lado de um pé rapado no avião?", "Preto, ops, é racismo, neguinho afrodescendente, cursando faculdade por conta de cotas e não de 'mérito"? Que governo desgraçado é esse que quer impor, da noite para o dia, uma lógica diferente da que o país vive há cinco séculos?  

Ao ser exposta a seus próprios preconceitos, essa classe média (e aqui uso o termo de maneria genérica, houve muitos desvalidos sociais que embarcaram ideologicamente nesse discurso) - apadrinhada pela mídia, pelos tucanos e pelo empresariado urbano e rural - só precisava de um mote confortável para ir às ruas expor sua ira contra o petismo, símbolo de "tudo de ruim" que ocorria - corrupção, crise econômica, empoderamento feminino e de minorias, programas sociais, respeito humano, ciclovias, blá, blá, blá. 

Quando os padrinhos dessa classe média - Fiesp, ruralistas, psdb, mídia - deixaram de ter interesse político de incentivar a boiada, cessaram os barulhos das panelas.

É mais um erro a esquerda se sentir refém do silêncio da classe média, ela nunca foi às ruas contra corrupção - seria suicídio - ela se manifestou contra a ascensão dos "de baixo", apoiou um golpe que entende esse recado e está "recolocando as coisas em ordem": lucro para os grandes, privilégios para os do meio, migalhas para os de baixo.

Caros amig_s de esquerda: esqueçam essa classe média e continuem a fazer o que se deve: protestar nas ruas e organizar os desvalidos, não pela lógica do consumo, mas pela da cidadania.      


segunda-feira, 31 de julho de 2017

NESTA TERÇA, ATO NA CÂMARA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA CIDADE





Movimentos sociais, sindicais, partidos políticos e coletivos, artistas e intelectuais, integrantes do Fórum suprapartidário em Defesa da Cidade realizam nesta terça-feira (1.ago.2017), ato contra política privatista comandada pelo prefeito João Doria. A atividade acontece em frente à Câmara de Vereadores (Viaduto Jacarei, 100), a partir das 14 horas. 

João Doria conseguiu aprovar em primeira votação dois projetos que privatizam o patrimônio público da cidade. O PL 364/2017 concede o Pacaembu para iniciativa privada e o PL 367/2017 que envolve o sistema de bilhetagem (Bilhete Único), mercados e sacolões municipais, parques, praças e planetários, pátios de estacionamento de veículos, o sistema de compartilhamento de bicicletas e o mobiliário urbano municipal. 



Ambos projetos estão previstos para serem votados em segundo turno em agosto.

Chama a atenção no projeto a completa ausência de considerações sobre qualquer interesses público e social nessas privatizações. Fica claro que o plano não tem como eixo a melhoria, universalidade e equidade no atendimento ao cidadão e sim a transferência de patrimônio e equipamentos públicos para a iniciativa privada, sob o argumento genérico de que podem ser melhor exploradas por ela. Convenhamos que de exploração a família Doria, antigos senhores de escravos, conhece bem.  



sexta-feira, 28 de julho de 2017

CARTA DE REPÚDIO AO BOICOTE AO PMLLLB



Nós, representantes da sociedade civil no Conselho do PMLLLB (Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas), representantes de movimentos sociais e culturais, instituições, coletivos e demais profissionais abaixo assinados, vimos por meio desta expressar repúdio ao Prefeito João Dória, ao Secretário de Cultura André Sturm e à coordenação do Sistema Municipal de Bibliotecas pelo desrespeito à lei nº 16.333 que institui o PMLLLB, sancionada em 18 de dezembro de 2015 após aprovação por unanimidade na Câmara e uma longa trajetória de construção pela sociedade civil com a realização de mais de 40 escutas públicas para levantamento e debate de propostas.
No dia 21 de julho de 2017, foi publicado no diário oficial, o decreto nº 57.792, alterando normativas e revogando expressamente o decreto Nº 57.233, que regulamenta as atribuições do Conselho, de seus representantes, sua forma de composição e periodicidade de reuniões e de atividades. 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

DECRETO DE DÓRIA ACABA COM ESCOLHA DIRETA PARA O PMLLLB



Decreto acaba com eleição para escolha dos representantes da sociedade civil. 
Quem irá escolher, agora, é o secretário que gosta de quebrar a cara de ativista cultural (Foto: Fábio Arantes)


Por meio de um decreto (57.792publicado dia 22 no Diário Oficial do município, o prefeito paulistano João Dória acaba com a eleição direta para a escolha dos dos membros do conselho  do Plano Municipal de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB/SP). O decreto editado por Dória, revoga outro decreto, editado em 2016, pelo então prefeito Fernando Haddad, segundo o qual os representantes da sociedade civil deveriam ser eleitos diretamente dentre cidadãos residentes no município de São Paulo que atuam nas áreas do livro, leitura, literatura e biblioteca. Por este regulamento, a eleição dos representantes da sociedade civil seria conduzida por Comissão Eleitoral, que elaboraria o regulamento para a realização do processo eleitoral.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

HADDAD FLERTA PERIGOSAMENTE COM A CONCILIAÇÃO

Haddad e João Dória durante transição do governo (Foto Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress)

Em entrevista publicada hoje (17.jul.2017) pelo site UOL, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, faz reflexões sobre a política e a conjuntura nacionais e, à pergunta da jornalista Daniela Lima sobre qual foi o erro do pt, responde: "A verdade é que o pt e o psdb, que estruturaram a política desde 1994, cada um à sua maneira manteve o outro refém do atraso. Não tiveram a clareza de que tinham de ter uma agenda comum, do ponto de vista institucional, que passava pela reforma política".

Considerando que o ex-prefeito tenha de fato dito isso (em se tratando de "nossa imprensa" nunca se sabe se o que está escrito é o que o entrevistado realmente disse), a frase denota um perigoso flerte com a conciliação.

O pt é (ainda) um partido de centro esquerda, com ares sociais democráticos, mas profundamente arraigado nas contradições de classe da realidade latino americana. Já o psdb há muito tempo tem a "social democracia" apenas no nome, seu projeto é o da direita liberal conservadora, sem qualquer verniz progressista.


Bibelô do mercado
Quem ainda imagina um psdb democrático, inteligente, dos tempos de Mário Covas ou Franco Montoro, esqueça, ele não existe há décadas. Fernando Henrique assumiu o governo em 1994 com uma agenda neoliberal submissa a interesses internacionais, privatista, que mantinha o país em seu secular atraso. O que resta hoje do tucanato nem pode ser chamado de direita iluminada, estão aí Dória, Aécio, Serra, Tasso, Aloysio Nunes, entre outros expoentes do conservadorismo.


Um dos erros do pt - há muitos - é justamente tentar se confundir ideologicamente com o psdb. Quando o programa de governo do partido dos trabalhadores abre brechas para privatizações desnecessárias, licenças ambientais duvidosas, jogo parlamentar viciado; quando escolhe Joaquim Levy para o comando da economia, ou acredita que a mídia será tão benevolente com os petistas quanto é com os tucanos - entre outros tantos equívocos - e importante núcleo dirigente se deixa corromper pela embriaguez do poder, é nesse limbo que pt e psdb se confundem. É sintomático o fato de que o operador do dito mensalão do pt, Marcos Valério, fosse também operador do mensalão mineiro do psdb.
Marcos Valério

Caro ex-prefeito Haddad, o erro do pt não foi não ter tido uma agenda comum com o psdb, foi, sim, em momentos críticos da história recente, ter se parecido mais com tucano do que com estrela.    

sexta-feira, 23 de junho de 2017

FHC DEFENDE PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRÁS E DA PETROBRÁS


Como em antigos filmes de Terror B, quando a gente acha que o perigo já passou, lá vem o coisa ruim atormentar de novo. Há tempos ninguém dava bola para o ex-presidente FHC, que há muito nada tem a dizer. Entretanto, com a atual crise e a elite não sabendo a quem recorrer, este decrépito senhor de 85 anos resolveu reaparecer para assustar incautos. 
E o festival de bobagem que tem proferido é digno de pena.
A última foi proferida no dia 21 em um evento no Instituto que leva o seu nome, instituto este financiado pela Odebrecht pela bagatela de R$ 975 mil, em valores de 2012.
No convescote, para discutir o futuro da Eletrobrás, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr., que, tal qual o Pedro Parentreguista da Petrobrás, quer desmontar a Eletrobrás, anunciou que a companhia deve cortar 11 mil funcionários (praticamente 50% da mão e obra), privatizar – já estão no corredor da degola seis distribuidoras de eletricidade controladas pela Eletrobrás no Norte e Nordeste, e vender diversos ativos. Wilson Ferreira disse que a estatal prevê terminar 2017 utilizando apenas dois dos seis prédios que possui no Rio de Janeiro.
Já FHC, em mais uma pérola, afirmou: "O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural (sic), mas não tem mais jeito, ou você aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado".
Não é sua formação cultural, cara pálida? Que interessante, observe como essa frase coaduna com outra, dita no mesmo evento. "Por que só conseguimos privatizar a Gerasul [então subsidiária da Eletrobrás]? Porque era impossível enfrentar os blocos de poder nas outras empresas. Tentei o que podia".

Assalto ao Estado
Convenhamos que de assalto ao Estado ele entende bem. Em sua desastrosa passagem pela cadeira da presidência da República, o Estado foi constantemente vilipendiado. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas entre Luis Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, ex-dirigente do banco, que articulavam o apoio a Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o tucano Pérsio Árida. A negociata teve valor estimado de R$ 24 bilhões. 
Conforme matéria do site Conversa Afiada "a privataria do sistema Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar."
Esses são simples exemplos, a história da administração tucana está repleta de casos de corrupção com a venda de estatais e criação de milionários instantâneos via propina e suborno.
FHC "tentou o que podia" quando foi presidente para privatizar a Eletrobrás e a Petrobrás, agora, ressuscitado politicamente, a múmia faz coro com o vampiro no ataque ao Estado e suas empresas.

Para saber mais sobre o período de FHC recomendo a leitura de dois livros essenciais:
Privataria Tucana - de Amaury Ribeiro Jr.
O Brasil Privatizado - de Aloisio Biondi.