MANIFESTO
DOS PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA
GROSSA
Face
aos rumorosos fatos acontecidos no dia de ontem (19/05/2016), na Câmara
Municipal de Ponta Grossa, que envolveram um acadêmico do Curso de Licenciatura
em História da UEPG, os docentes do Departamento de História vêm a público
externar sua postura diante do lamentável evento.
No
dia de ontem, 19 de maio de 2016, em razão da visita do governador Carlos
Alberto Richa, ocorreu na Câmara Municipal, espaço público por excelência,
manifestação organizada por acadêmicos da UEPG, instituição que vem sofrendo as
graves consequências das práticas políticas adotadas pelo sr. governador. A
exemplo do que vem acontecendo Brasil afora, a manifestação foi desproporcionalmente
reprimida: os alunos, em número infinitamente menor, foram agredidos física e
verbalmente por parte da plateia e da Guarda Municipal.
Um
deles, acadêmico de História, foi perseguido, agredido e machucado quando se
dirigia ao seu carro; foi colocado em um camburão e levado, sob ameaças, em
voltas pela cidade em um claro ato de abuso que extrapola a ação policial e se
configura como sequestro de um cidadão.
Sequestro
esse que também se aplica ao direito de expressão diante de um governo
questionável, sequestro da palavra e sequestro do processo democrático que
estamos assistindo no país e que chega de forma ameaçadora às nossas portas. O
estudante, que é estagiário do Arquivo na Prefeitura Municipal, sob a
supervisão deste Departamento, teve sua vinculação de estágio cortada de forma
imediata, sem contemplações e sem comunicação ao supervisor de estágio no
Departamento de História, configurando um ato abusivo e sem justificativa, no
âmbito das relações de estágio.
Não
é desconhecido da sociedade local e nacional o ataque aos direitos do
funcionalismo público do Estado do Paraná desde os finais do ano de 2014. A
ocupação da ALEP em fevereiro de 2015 e o Massacre de 29 de abril, fartamente
documentados e distorcidos pelo governador do Estado do Paraná, provocaram em
todos os servidores uma forte reação pelo simples fato de que nada ainda foi
devidamente apurado e nem seus responsáveis punidos.
Se
é direito e dever para o Governador do Estado comparecer a eventos públicos a
fim de cumprir sua agenda oficial, também não é menor o direito que a população
e suas organizações sindicais e sociais possam organizar manifestações
contrárias às políticas governamentais, em especial ao tratamento das coisas
referentes à Educação.
É
gozando dessa prerrogativa que os estudantes, a exemplo do que vem acontecendo
em todo o Brasil, têm protagonizado uma resistência espontânea e justa àquilo
que entendemos como agressão aos direitos da classe trabalhadora no campo dos
direitos sociais. E o fazem sempre dentro do espírito de protesto pacífico e
organizado.
Dessa
forma, os docentes do Departamento de História vêm a público externar seu
repúdio diante desses atos deploráveis, assim como alertar a comunidade para a
preocupante escalada de violência contra os direitos humanos que hoje se
apresenta temerária e contra a qual faremos, como sempre fizemos, a devida
resistência. Da mesma forma, solicitamos que sejam apurados exaustivamente os
abusos cometidos e restaurados os direitos retirados de forma intempestiva pelo
poder municipal.
Como
diz Renato Janine Ribeiro: a pior tortura é ter a voz silenciada. Por isso
protestamos. Pelo direito à manifestação. Pelo respeito à divergência. Pelo
direito à proteção. Pela democracia.