terça-feira, 4 de dezembro de 2012

(Nada) sutis aulas de manipulação da informação

 
Nas primeiras aulas de qualquer curso de jornalismo aprendemos que o título de uma matéria deve retratar, o mais fielmente possível, o principal conteúdo da matéria. Muitos devem ter faltado a essa aula...
Vejam a recente notícia divulgada em vários veículos da imprensa (acima reproduzi o portal Terra).
 
Fatos:
- O deputado Antony Garotinho, de suspeitíssima reputação, publica em seu blog que a ex-funcionária do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, teria levado 25 milhões de Euros para a Europa e depositado em um banco de Portugal.
 
- O banco em questão (Banco Espírito Santo), negou veementemente a existência de qualquer depósito ou qualquer transação efetuada por Rosemary com a instituição.
 
- O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, em audiëncia na Cämara neste 4 de dezembro, reafirmou que não há nenhuma evidëncia do fato, conclamou o deputado queixoso a dizer de onde obtivera tal informação e afirmou nem saber quantas malas precisariam para transportar esse valor. Da palteia, o deputado e delegado Protógenes Queiroz, completou: seria necessário um carro forte para transportar essa quantia. Cardozo ironizou: não creio que a Rosemary tenha anexado um carro forte ao avião.
 
Bem, caro leitor, leitora, com esses fatos, qual é a manchete mais óbvia e jornalisticamente correta: dar destaque a uma denúncia sem fundamentação ou dar destaque de que foi feita uma denúncia sem provas? A resposta parece óbvia quando não entra em cena o elemento da manipulação midiática.
 
Mau jornalismo ou bom banditismo
O comentarista da CBN, Kenedy Alencar, disse esta semana que o cehfe de redação da Veja em Brasília, Policarpo Jr, não cometeu crime, cometeu mau jornalismo no caso de suas relações bastante íntimas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Por isso, concluiu, ele não deveria ser chamado para depor na CPI que investiga os crimes do bicheiro.  
Kenedy, meu coetano de bancos de universidade, que vergonha ouvir uma declaração dessas. Cachoeira pautava as matérias da revista Veja por meio do Policarpo, há mais de 200 ligações telefönicas com assuntos `suspeitíssimos´ entre ambos, a noiva de Cachoeira chegou a chantagear um juiz usando o nome do jornalista da Veja, há evidëncias muito palpáveis de matérias completamente forjadas visando o favorecimento dos "negócios" de Cachoeira.
Isso lhe parece apenas "mau jornalismo"? Esperaria ouvir uma bobagem dessas do Merval Pereira, mas sua, caro, que vergonha.
Policarpo e a Veja devem ser investigados por vínculos com o crime organizado, simples assim.    
 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

TEMOR À MÍDIA


Dois fatos ocorridos na semana – a princípio sem relação entre si – chamam a atenção para mostrar como países geograficamente próximos podem ter diferenças abissais quando se trata de temas imprescindíveis para a consolidação do Estado de cidadania. 
No dia 27, o relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG) retirou do processo o pedido de indiciamento de cinco jornalistas – entre eles, Policarpo Júnior, redator-chefe da revista Veja – e a sugestão para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fosse investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Desculpas protocolares à parte, Cunha cedeu a interesses corporativos de aliados (leia-se Sarney entre outros) e não quis “comprar briga” com o Grupo Abril. O que virá em contrapartida ainda não se sabe.
Enquanto isso, a Argentina, também comandada por uma mulher, Cristina Kirchner, encaminha para aprovação projeto de lei que prevê um início de regulamentação da mídia local. No mesmo dia 27, a justiça daquele país rejeitou pedido cautelar impetrado pelo Grupo Clarín. Pelo projeto, as licenças de concessão para funcionamento de TV devem ser distribuídas igualitariamente entre emissoras comerciais, estatais e entidades da sociedade civil. Além disso, as transmissões comerciais poderão ter alcance de até 35% da população – o Grupo Clarín, atualmente, detém cerca de 80% de toda a mídia portenha (algo como se a Editora Abril se unisse com a Globo e Folha para formar um único monopólio).      
No Brasil, apesar de provas, testemunhas e conversas telefônicas que envolvem o redator da Veja diretamente com o esquema de Carlinhos Cachoeira, o Congresso teme em convocar essa pessoa para depor; na Argentina, quebra-se um dos maiores e mais perigosos monopólios de comunicação do planeta.
Os exemplos não se restringem à Argentina. Em agosto, o governo do Equador anunciou a suspensão da publicidade oficial nos veículos monopolizados. “Por que temos de dar informação aos meios que nada mais querem do que encher os bolsos de dinheiro? Não vamos beneficiar empresas corruptas que não pagam impostos”, justificou o presidente Rafael Correa.
No Brasil, emissoras de TV são concessões públicas, não cumprem o que determina a lei, mas nenhum governo teve força ou disposição política de enfrentar esses monopólios. 
Em toda América Latina, governos sociais avançam na regulamentação midiática (Venezuela em 2000, Argentina em 2009, Bolívia em 2011). O Brasil, protagonista de tantas transformações no continente, infelizmente caminha na contramão; sequer o Conselho de Jornalismo (aos moldes da OAB, Creci, Conselho de Medicina) saiu do papel. É preciso ter coragem e um grande projeto político para enfrentar a mídia comercial; a sociedade avança com seus próprios instrumentos e uso da internet e redes sociais, mas o governo continua e refém da mídia golpista. 

sábado, 10 de novembro de 2012

CONTRA A EDUCAÇÃO




Na terça-feira, 6, a Câmara dos deputados aprovou o projeto de lei elaborado no Senado para definir uma nova fórmula para divisão dos royalties do petróleo. 

A medida vale para os contratos já existentes e para os que forem assinados em regime de partilha. O projeto não prevê a destinação dos royalties para a Educação. A proposta apoiada pelo governo, relatada pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), destinava que, no mínimo, 53% dos recursos arrecadados por estados e municípios pela cobrança de royalties fossem obrigatoriamente para a Educação. Acabou aprovada a versão do Senado, que não especifica o destino das receitas para qualquer área.

Na prática o que isso significa? Estudo elaborado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), prevê entre outros benefícios um aumento de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2030, que passaria de R$ 8,01 trilhões (sem investimentos de royalties na educação) para R$ 9,83 trilhões. 

O próprio setor industrial entende que é fundamental investir em Educação para que o país cresça.

O projeto (de autoria do senador Vital do Rêgo, PMDB-PB), aprovado no Senado no dia 19 de outubro de 2011, foi vetado pelo então presidente Lula. Com o veto, o projeto retornou à Câmara e, após sua aprovação semana passada, seguiu para veto (ou sanção) da presidente Dilma.

O caso, no entanto, está longe de ser tranquilo. Deputados do Rio de Janeiro e Espírito Santo ingressaram no Supremo Tribunal Federal para suspender a tramitação do projeto, por conta de interesses regionais.

A estratégia do governo é tentar reverter a decisão da Câmara no Senado. Enquanto isso, movimentos sociais pressionam para que os recursos provenientes dos royalties sejam destinados para o desenvolvimento social do país, conforme prevê o projeto popular encabeçado pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) e que encontra-se arquivado no Senado. 


DEPUTADOS PAULISTAS QUE VOTARAM CONTRA A EDUCAÇÃO

DEM
Alexandre Leite
Eli Correa Filho
Jorge Tadeu Mudalen

PDT
João Dado
Paulo Pereira da Silva

PPS
Roberto Freire

PR
Milton Monti
Tiririca

PRB
Otoniel Lima

PSDB
Luiz Fernando Machado

PSD
Eleuses Paiva
Guilherme Mussi
Jefferson Campos
Junji Abe
Marcelo Aguiar
Ricardo Izar
Roberto Santiago

PTB
Arnaldo Faria de Sá
Nelson Marquezelli

PV
Roberto de Lucena
Penna

PP Missionário José Olímpio

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Banda larga


Começaram a valer dia 31 de outubro as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a qualidade da internet. O Regulamento de Gestão da Qualidade do Serviço de Comunicação Multimídia determina que as operadoras com mais de 50 mil usuários deverão entregar, em média, por mês, uma velocidade mínima de conexão de 60% da velocidade anunciada. Atualmente, a velocidade média entregue aos usuários fica em torno de 10% da contratada pelos consumidores. Para medir a velocidade de sua banda larga acesse www.brasilbandalarga.com.br

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O PIG não perde tempo


Noblat e Jô Soares: Programa do (mau)Jo(rnalismo): imagem extraída do blog no Noblat, em "JPIG" 

Meses de campanha do PIG utilizando o mensalão como mote não foram suficientes para evitar que o PT saísse vitorioso nas eleições municipais de 2012. Mas a imprensa golpista não perde o pelo. Segunda-feira, um dia após a acachapante vitória de Haddad em São Paulo, entre outros, o Programa do JÔ utilizou dois blocos para entrevistar o colunista do jornal O Globo Ricardo Noblat, que dispensa apresentação.

Para quem não viu, ou saiu de frente da TV para vomitar antes do final da “entrevista”, faço um breve resumo:

Cena 1 – Jô diz que leu recentemente o livro sobre o caso Watergate (que culminou com a renúncia do então presidente dos EUA, Richard Nixon) e achou “espantosas” as semelhanças com o mensalão, que chegou a chamar mensalgate, sem explicar o que tem a ver com as calças. Noblat, evidentemente, concordou.

Cena 2 – Vitória do PT em São Paulo. Noblat minimiza, dizendo que ganhar do Serra, que atingiu 52% de rejeição era fácil, qualquer um faria. Perguntado se foi a vitória em São Paulo mérito do Lula, o colunista do Globo responde que só admite isso se o PT admitir que a derrota em Recife foi uma derrota do Lula. E logo em seguida afirma: “apesar de o Lula não ter ido a Recife fazer campanha para Humberto Costa”. Ué, o ex-presidente é “culpado” pela derrota em um local onde não fez campanha, mas não é “responsável” pela vitória onde fez?  

Cena 3 – O telão mostra, nas palavras do entrevistador, “as maiores mancadas da campanha eleitoral”, que seriam:

1)- Dilma na campanha da Bahia. Noblat faz toda uma dissertativa para explicar que o discurso da presidente associando o candidato do DEM, ACM Neto a uma gestão pequena não “pegou bem” na opinião pública.

2)- Cena da campanha de Recife. Noblat “explica” os erros do PT na condução da campanha.

3) – Caso do ovo jogado contra a candidata do PCdoB em Manaus. Noblat diz que foi uma farsa e ambos, gordo e gordinho, lembram do caso do tiro em Carlos Lacerda, na década de 1950, mas, “estranhamente” não citam o episódio em que Serra simulou ter sido agredido por uma bolinha de papel, na campanha de 2010.

Cena 4 – Falando sobre o mensalão, o telão apresenta um embate entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. Noblat, com certo escárnio estampado entre alvos dentes, diz que Lewandowski foi indicação da ex-primeira dama Marisa. Ambos riem como que insinuando: viu, deixar mulher indicar ministro do Supremo dá nisso.

E a dita entrevista continua nessa toada, com críticas ao ex-presidente, comparando Zé Dirceu a Maluf etc. etc.

Podem esperar mais. O PIG continua com sede de vingança.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Site falso de Haddad foi criado em empresa da campanha de Serra


A provedora de internet GVT informou nesta sexta-feira (26) que o site apócrifo "Propostas Haddad 13", que imitava a linguagem visual usada pela campanha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, mas desferia críticas ao petista, foi criado na sede da Soda Virtual, empresa contratada pela campanha do candidato tucano, José Serra, por R$ 250 mil reais, para prestar serviços de "criação e inclusão de páginas na internet".



O site não identificava sua autoria e foi retirado do ar na última sexta-feira (19), por decisão da Justiça Eleitoral, após pedido dos advogados de Haddad. Para o juiz Henrique Harris Júnior, da 1.ª Zona Eleitoral, as mensagens contidas na página eram "passíveis de enquadramento, em tese, como ofensivas e sabidamente inverídicas, até mesmo com o emprego de imitação das fontes, cores e símbolos utilizados na sua campanha (de Haddad)".

Entre os textos divulgados no site, estavam "Haddad vai criar 50 novas Escolas de Lata", "Haddad vai aumentar o IPTU" e "Haddad vai voltar com a Taxa do Asfalto". Na decisão, Harris Júnior determinou ao Google, onde o site estava hospedado, e à GVT que informassem o IP e a identidade do criador da página.

Segundo a GVT, a conexão de internet usada para criar o site está em nome de Huayna Batista Tejo, presidente da Soda Virtual, e é acessada pela Rua Borja Peregrino, 318, João Pessoa (PB), sede da empresa. À reportagem, Tejo negou ter criado o site "Propostas Haddad 13" e disse que vai investigar o ocorrido.

A assessoria de Serra informou, por meio de nota, que o site não é de iniciativa da campanha. "A campanha se manifesta na internet por meio do site serra45.com.br, da página do Facebook timeserra45 e do twitter @serraja", diz o texto.

Fonte: O Estado de S. Paulo


Na boa, esse Serra é do mal!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

sonsinha e chaetano



Quando, no debate de televisão, Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura paulistana, pediu para Zéserra não baixar o nível da campanha, a fiel escudeira do tucano, Soninha Francine, saiu imediatamente em defesa do mestre, chamando Haddad de "filho da puta" em seu twitter. A péssima repercussão de mais essa bola fora a fez retirar a frase pouco depois.
Sonsinha faria um grande bem ao país se nunca mais fosse candidata, seguindo o mesmo  lamentável fim de seu mentor, Zéserra.

Enquanto isso, Caetano Veloso declara que vota em ACM Neto, candidato a prefeito de Salvador, se ele mudar o nome do aeroporto da cidade. Essa é a versão "socialite" da compra de votos - para os pobres dentadura, para os ricos e famosos, um nome mais elegante para o aeroporto.
Fico abismado como um compositor da qualidade de Caetano consiga falar tanta merda quando se mete a emitir opinião. Às vezes fico com vergonha de gostar de suas músicas. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Quando o Judiciário atropela a justiça

Após a “coincidência” de o julgamento de José Dirceu e outros expoentes do PT no STF acontecer às vésperas da eleição, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu mais prova dos interesses políticos desse julgamento. Gurgel, que segurou o quanto pode a abertura da investigação sobre as relações de Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira, declarou que deseja que o julgamento do STF afete o processo eleitoral. Quando o judiciário atua como político, quem perde é a justiça.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

10 anos de unificação dos petroleiros SP: um ato de ousadia






Era uma madrugada fria de julho quando centenas de militantes da categoria se dirigiram para as duas refinarias, sete terminais da Transpetro e três prédios de escritório. Carregavam o orgulho de um sonho alcançado e uma esperança de futuro: naquele 22 de julho de 2002 começava a eleição para a escolha da primeira diretoria colegiada do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, agregando as bases das regiões de Campinas, Mauá e São Paulo. Posteriormente, a representação sindical se espalhou para outros locais como Mato Grosso do Sul e Brasília.
Durante os quatro dias de eleição muitos companheiros viram passar diante de seus olhos seis anos de preparação para aquele momento. Em julho de 1996, o congresso estadual da categoria decidiu abrir o processo de unificação.

Desafios
Primeira direção do Unificado 
A partir do ano 2000, uma comissão escolhida para coordenar o processo de unificação, trabalhou à exaustão para conseguir aparar diversas arestas: “eram três bases importantes, com trabalho estabelecido, história de lutas e identidade próprias, não é simples equacionar todos esses fatores, esse era um desafio a ser superado”, relembra o atual coordenador da FUP, João Antonio de Moraes. 
No entanto, nem sempre é possível conciliar todos os interesses e durante o desdobramento do processo dois dos cinco sindicatos que haviam no Estado puxaram o freio da unificação.
Em fevereiro de 2000, a diretoria de São José dos Campos oficializou sua saída. Apesar de não ter sido uma completa surpresa, era óbvio que uma baixa após quatro anos de discussões teria efeitos. “No primeiro momento, a tropa ficou um pouco abalada, alguns companheiros chegaram a pensar que a unificação estivesse fazendo água, como se diz, mas não foi nada disso que aconteceu”, afirma Moraes.
De fato foi um baque, pois a coordenação da Comissão estava à cargo de um diretor de São José dos Campos, mas quem permaneceu agiu com serenidade e rapidez.

Quem sabe faz 
O jornal Petroleiros-SP, – criado em agosto de 1996 para ser o veículo de informação do processo de unificação – abriu o debate com a categoria; o Congresso Estadual foi antecipado para maio: os petroleiros não tinham tempo a perder e decidiram continuar o caminho da unificação. “Não esperaram acontecer”, como nos versos da antiga canção.  
O trabalho exigia das diretorias um esforço a mais, pois o mapeamento da estrutura de cada sindicato deveria ser feito minuciosamente: equipamentos, despesas, receitas, contabilidade, procedimentos administrativos, enfim, tudo.
E, em paralelo, o dia a dia das entidades e as demandas não paravam. “Tínhamos de nos desdobrar, às vezes um companheiro não podia ir a uma atividade porque estava trabalhando na unificação e outro precisava substituí-lo; no contato direto com a categoria aproveitávamos todas as oportunidades para discutir a unificação, tirar dúvidas e anotar sugestões”, relembra o ex-coordenador do Unificado, Itamar Sanches.
Meses após a direção de São José largar o barco, os companheiros do Litoral Paulista também resolveram não aderir à unificação. O sindicato não era filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) o que se tornava mais um fator de divergência a ser superado. 

Primeiros anos
Ato na Refap em 2012 
A diretoria do Unificado assumiu em julho de 2002 (apesar de a data oficial dE fundação ser 26 de agosto) e logo teve seu primeiro embate, a campanha reivindicatória.
A política do então presidente Fernando Henrique para as empresas públicas – e a Petrobrás não era exceção – era o tratamento a pão e água, com tentativas constantes de corte de direitos. Havia clara intenção de enfraquecer as estatais para facilitar o processo de privatização. Porém, havia um elemento a mais no cenário político, em 2002: a eleição presidencial.
Com a eleição de Lula, os petroleiros puderam manter canais de diálogo mais abertos e transparentes com representantes do governo e da empresa.
Estava inaugurado um novo tempo e novos desafios se colocariam para os petroleiros. Dez anos depois, a Unificação é uma realidade. “Esta experiência inédita na categoria mostra que é necessária vontade política para conciliar três realidades distintas e transformar em um sindicato forte e representativo”, afirma o atual coordenador do Unificado, Danilo Silva.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Adeus a Ana Canônico


Conheci Ana em 2006, ela veio me procurar para editar o livro de poesia de seu filho, Mauro, me contou, quase em confidência e com certo embaraço, que ele sofria de alguns distúrbios e que a edição de seus poemas poderia ser benéfica para o processo terapêutico do filho. Expliquei-lhe sobre as dificuldades de comercialização de poesia, questionei se isso não poderia gerar mais ansiedade e ter efeito contrário ao desejado inicialmente. Ela reafirmou o desejo seu e de seu filho de ver as poesias editadas. Soube, depois, que Mauro sofria de esquizofrenia.
Os poemas tinham qualidade, apesar da irregularidade; escrevi a orelha de apresentação, organizamos um lançamento, Mauro estava radiante, nervoso e confiante em seu trabalho, Ana parecia feliz. Ficou com a maioria dos exemplares da edição e pretendia levar o filho para saraus e eventos literários. O livro, Maura Escritura (Ed. Limiar).

Buscava, pela arte, a cura que a ciência lhe negava. Ana dedicava sua vida a cuidar do filho.
Anos depois ela me procurou para editar outro livro, de qualidade bem inferior, mas dentro do mesmo espírito de dar vazão ao processo criativo.
Nos falamos pela última vez em abril, ela dizia que o filho acreditava que seus livros vendiam 100 mil exemplares por mês e ela, a mãe, ficava com o dinheiro. Queria que eu conversasse com Mauro para explicar que ver a referência de seu livro em algum site não era sinônimo de vendas.
Não houve tempo para essa conversa, no dia 3 de agosto Mauro teve um surto e assassinou sua mãe em sua residência.
Ana Canônico, mulher forte de olhar triste, era guerreira de uma única batalha: salvar o filho de seus próprios demônios. Ambos perderam.
Reproduzo, a seguir, uma poesia de Mauro, publicada no livro Maura Escritura.

 


Obsessão

Dos anjos um ser profano

eu vi o diabo

criador da mentira com engano

o ser do profeta tirano

fazendo rima ao som do dano

pra música vil e leviana

velar a quem se dana

se ao ver o horizonte o adorasse

faria ao meu fruto soberano

e pedi então que num momento ele passasse

a rota do passar dos anos

que à sua vista já estava se movendo

e a causa dos meus dissabores

e ele disse que se muito funda e falsa

solta a alça de terrores

e depois os desenlaça

mas o vi na encruzilhada

dizendo ser um santo

e da palavra ao ar roubada

transformá-la em espanto

e ao sabor de suas oferendas

falou da causa das contendas

e do tom em obscura magia

que à inveja ele fazia

e do rodear a Terra à sua via

do descanso dos hipócritas

fazer peso à hipocrisia

que se transfigurando leva escrituras

aos santuários para os adentrar

e com Deus aí travarem lutas

que num raio à Terra o fez chegar

ao poder sua mente

ver ao cigarro e cachaça

lhe dar prazer no que aos outros embaraça

perguntei de algum vão nele escondido

no relincho à sua gargalhada

e onde mora o perigo

da sua paixão desvirtuada

por uma bruxa conhecida

que lhe deu uma vassourada

quando eu gastava em drogas meu dinheiro

por que não me deu aviso de primeiro

e como a loucura por inteiro

faz ao órgão obstruído

mas ele foi ao nada

e ainda hoje ouço

o eco de sua risada

e lembro do relance do céu onde vivia

não há dinheiro

não há vida

eu não preciso do seu conselho

leve meu dinheiro

leve minha vida

eu não preciso do seu conselho

foda-se seu dinheiro

foda-se sua vida

eu não preciso do seu conselho

apenas loucura e obsessão.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

livro POR TRÁS DA MÁSCARA para download

para baixar, clique aqui

Em 1996 publiquei o livro-reportagem Por Trás da Máscara, uma análise da administração Paulo Maluf à frente da cidade de São Paulo durante os anos de 1993/96. O livro mostra como a prefeitura de Sâo Paulo foi utilizada para favorecer amigos e aliados políticos, empresas e interesses escusos, tornando-a uma máquina a serviço dos interesses políticos e pessoais do então mandatário. Paralelamente, o livro mostra a forma truculenta e autoritária como Maluf tratava funcionários e a população mais carente da cidade, enquanto canalizava recursos para as áreas mais nobres de São Paulo.

Com a proximidade das eleições municipais e o retorno desse senhor ao noticiário político, após a aliança com o PT, a leitura torna-se, novamente (e infelizmente) atual. Por isso, a Editora Limiar está disponibilizando para download o livro (em PDF) como forma de incentivar o debate político e reflexões sobre ética e outros temas fora de moda.

Espero que gostem da leitura e façam seus comentários.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Arte na cidade: Sacilotto, de Santo André para o mundo

Até o dia 29 de julho (2012) fica em exposição na Caixa Cultural, da Praça da Sé (São Paulo) “Audácia Concreta”, colagens de Luiz Sacilotto, com curadoria de Fernanda Lopes. As obras sintetizam um pouco da trajetória desse artista, que tem no ABC paulista sua fonte primária de inspiração.

Nascido em Santo André, em 1924, Sacilotto cresceu pelas ruas da cidade e ali instalou seu ateliê-reisdência. Diplomado em 1943 em escola profissional, ingressou no ano seguinte na Hollerith do Brasil como desenhista e projetista de esquadrias metálicas, ao mesmo tempo que desenvolvia sua carreira artística. Nos anos 40 sua obra passou pela fase figurativista desenvolvendo-se para o concretismo. Em 1952 participou da exposição “Ruptura”, no MAM, além de seis bienais de São Paulo (em 1951, 53, 55, 57, 61 e 67), além de diversas exposições internacionais.
A repetição e os jogos ópticos são os pontos fundamentais para a construção da obra de Sacilotto, que se mantém ligada e relacionada aos meios de produção, marca de suas origens na região fabril do ABC.
Luiz Sacilotto faleceu dia 9 de fevereiro de 2003, deixando um grande acervo de desenhos, gravuras, guaches, esculturas, pinturas, obras públicas etc. Vale conferir seu trabalho.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Brasil, o maior consumidor de veneno

O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, afirmou que o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. O país usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no planeta; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos países, 64%. O diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto, afirmou que, em 2011, foram registrados mais de 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil. Segundo ele, essas notificações não expressam o número real, que é maior.
(fonte: NPC)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

TV a serviço de Gilmar Mendes defende criação de grupo de extermínio para crianças de rua

Por Leandro Fortes do Brasília Eu Vi

Esse senhor que aparece no vídeo se chama Márcio Mendes. É um pseudojornalista que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos.
A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínio para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.
Repito: trata-se de transmissão em concessionária educativa na TV da família de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu denunciei isso, faz dois anos, na Carta Capital, em uma das matérias sobre os repetidos golpes que o clã dos Mendes dá para derrubar o prefeito eleito da cidade de Diamantino, que ousou vencer a família do ministro nas urnas. Vamos ver o que diz o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, a respeito. Seria bom saber qual a posição do SBT, também.


Veja o vídeo cliqcando aqui http://youtu.be/jt5WB7IQl8Q

fonte: camaraempauta.com.br

quinta-feira, 17 de maio de 2012


Já faz algum tempo que foi lançado (em junho de 2011), mas vale o registro. Resgatar a história que está contida no dia a dia de uma quase secular entidade como o Sindicato dos Padeiros de São Paulo não é tarefa fácil, mas é indispensável para que as atuais (e futuras) gerações compreendam a importância da organização da sociedade em seus vários instrumentos.

Infelizmente, muitos dirigentes sindicais ainda não têm essa compreensão. Grata exceção é o presidente do Sindicato dos Padeiros, Chiquinho Pereira, liderança com sensibilidade e visão de futuro. A categoria dos padeiros deve se orgulhar de ter alguém como o Chiquinho à frente de sua entidade.

O livro "Tempos de luta e glória", escrito pelo sempre competente Claudio Blanc, retrata com depoimentos, documentos, fotos e notícias de época os 80 anos de história do Sindicato dos Padeiros. 

Vale conferir a publicação (que não está à venda) e que sirva de exemplo para que outras entidades não deixem sua memória ser comida por traças em algum arquivo mal conservado.   

sábado, 5 de maio de 2012

Opções para fugir da virada muvucultural


É noite de Virada Cultural em São Paulo, com diversas boas atrações. Mas para quem não está a fim de multidão, seguem umas dicas:
Até domingo, 6 de maio, fica em cartaz a “ocupação angeli”, no Itaú Cultural. Despretensiosa e competente, a exposição revela as múltiplas facetas da criação do cartunista Angeli, das angústias e desorientações do movimento punk ao cartum político, engajado, passando por personagens sadomasoquistas e do submundo paulistano/universal. Angeli é um grande criador de personagens. Vale conferir – se der tempo.
Museu de Arte Moderna: no Ibirapuera. A grande sala traz a primeira individual na América Latina do alemão Wolfgang Tillmans, primeiro fotógrafo a ganhar o Turner Prize (2000). Imagens em cores fortes, imagens militantes, que criam um universo desconexo e revelam o olhar atento do artista. Curadoria de Felipe Chaimovich, Julia Peyton-Jones, Hans Ulrich Obrist e Sophie O’Brien.
Na Sala Paulo Figueiredo. A exposição de fotos de German Lorca,90, propõe a indagação entre os limites do real e da encenação. Fotos em P&B, do cotidiano paulistano, são impactantes pela beleza plástica e expressionismo. Me chamou a atenção, particularmente, a foto da construção do auditório, aquela nave espacial de boca aberta a nos receber, projetada por Niemeyer. Na foto, uma senhora leva uma criança pelas mãos em direção à nave, ao primeiro contato. Curadoria de Daniela Maura Ribeiro. Me impactou mais esta do que a do Tillmans.
NOVO MAC USP
Após 5 anos, o prédio, também projetado por Niemeyer, que abrigava o Detran, dá lugar ao Mac-Usp. Inaugurado, por questões políticos/eleitorais, apesar de estar apenas parcialmente completo, abriga a exposição O Tridimensional no Acervo do MAC: Uma Antologia. Vale conferir, mais pelo local que se tornará um dos maiores museus do país. A exposição apresenta trabalhos dos artistas: Frida Baranek, Eduardo Climachauska e Paulo Climachauska, Sérvulo Esmeraldo, Carlos Fajardo, Carmela Gross , Liuba Wolf, Maria Martins, Cildo Meireles, Henry Moore, Ernesto Neto, Gustavo Rezende, Chihiro Shimotani, François Stahly, Sofu Teshigahara, Ângelo Venosa, Ales Villegas, Franz Weissmann e Haruhiko Yasuda.


O Museu da Língua Portuguesa traz uma exposição em homenagem a Jorge Amado. Exposição bacana, montagem caprichada, mas com recorte por demais paulistano (leia-se Daniela Thomas) para expressar toda a tropicalidade-universalidade deste grande romancista. Vale muito a pena conferir.
No cinema, imperdível Pina 3D, no Reserva Cultural.


Se nada disso lhe agradar, sugiro uma boa leitura: Haicaos, poemas de Sandra Regina e Múcio Góes. Bem, sugiro o meu também... (Crônica de uma ilha vaga).  

terça-feira, 24 de abril de 2012

Haicaos, a lírica de Sandra Regina e Múcio Góes




Lançamento neste fim de semana. Eu recomendo, é um dos melhores livros de poesia do ano, que transita na desconstrução dos tradicionais haicais para gerar uma lírica única e envolvente. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Solidariedade à soberania energética argentina

(editorial do jornal Petroleir@s 753)


Tanto o Brasil como a Argentina, os dois maiores países do continente sul, são alvos prediletos de predadores euro-estadunidenses. Nas décadas 1940/50, a população brasileira se mobilizou, foi às ruas,  garantiu a criação da Petrobrás e o monopólio das reservas petrolíferas. Por este ideal de nação, muitos – como o trabalhador portuário Deoclécio Santana – deram sua vida.
Nos desastrosos anos neoliberais, a trupe de FHC tentou privatizar o Brasil, Petrobrás no pacote. Foram necessários 32 dias de ferrenha greve dos petroleiros para amainar ímpetos tucanos; mesmo assim, o estrago de FHC sobre a estatal brasileira foi enorme e, com muito custo, a FUP, sindicatos e trabalhadores retomam ano após ano, direitos usurpados.
A Argentina, no mesmo período, viu sua soberania se transformar em pó pelo caricato e perigoso governo de Carlos Menen, que entregou tudo o que foi possível, inclusive as reservas e empresas estratégicas de energia.
Em um ato corajoso, a atual presidente Cristina Kirchner reestatizou a petrolífera YPF, que se encontrava sob controle acionário da espanhola Repsol. A União Europeia estuda retaliações.
É equivocado discutir o conflito dentro dos limites das relações econômicas. A economia é um meio para assegurar a soberania nacional e não moeda de troca no mercado internacional de interesses e pressões.
Não é de hoje que governos espanhóis arrotam arrogância contra suas colônias.  Em 2002, o presidente espanhol José Maria Aznar telefonou para o Eduardo Duhalde (que sucedeu Menen) e o pressionou a aceitar as imposições do FMI, sob risco de represálias. Anos depois, o rei Juan Carlos Zapatero mandou o presidente venezuelano, Hugo Chavez, se calar. As recentes imagens de Zapatero caçando elefantes em Botsuana é a mais perversa parábola da arrogância que tomou conta dos dirigentes europeus.
A expropriação de 51% das ações da Repsol na YPF representa um ato de retomada de soberania do povo argentino e não deve significar nenhum temor para a Petrobrás, que tem reduzido, ano a ano, seus investimentos no país vizinho. Nos últimos três anos, a estatal brasileira vendeu sua área de fertilizantes para a Bunge e se desfez da refinaria San Lorenzo, e de 363 postos de serviços para o grupo Oil M&S A produção de óleo e gás caiu de 140 mil barris por dia, em 2006, para 98 mil, em 2011.
Independentemente da posição comercial da Petrobrás, o Brasil deve respeitar a decisão argentina e os trabalhadores se solidarizarem com a luta do povo portenho por sua soberania, seja nas Malvinas, seja na YPF.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Reforma agrária


No dia 17 de abril comemora-se o o Dia Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, a data rememora os 21 assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás, em operação da Polícia Militar no Pará, no dia 17 de abril de 1996. Após 16 anos de um massacre de repercussão internacional, a impunidade continua pairando sobre essa questão, uma vez que ninguém foi preso e os dois comandantes da Polícia Militar condenados a 220 anos de prisão permanecem soltos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O ménage criminoso entre o senador, o bicheiro e Veja


Os grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo revelaram não apenas as ligações umbilicais entre o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e outros parlamentares com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, como a ativa cumplicidade da revista de maior circulação nacional, a Veja.

Os grampos mostraram as ligações incestuosas do diretor da sucursal de Brasília da revista, Policarpo Jr., com o esquema de corrupção, chantagem e negociatas de Carlinhos Cachoeira. A PF interceptou mais de 200 ligações entre o chefe da Veja em Brasília e o bicheiro, que despejava uma cachoeira de informações para a Veja fazer o jogo sujo.

O jornalista Luis Nassif explica como se procede esse ménage do crime entre o senador, o bicheiro e a pior revista do país:

“1. Havia um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder político. E Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos.

2. Para Cachoeira [Demóstenes] fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.

3. Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.

Havia um ganho objetivo para todos os lados:

1. Cachoeira conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja.

2. A revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos, anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha”.

Não é por acaso a capa da revista de 4 de julho de 2007 estampa Demóstenes como um dos “mosqueteiros da ética”.



Panfleto de interesses espúrios

Há menos de um ano, a centenária publicação inglesa, The News of World, do empresário Ruppert Murdoch, teve de fechar após escândalos que desvendaram sobre o trabalho de apuração que incluía escutas ilegais e aquisição de informações com policiais mediante pagamentos em dinheiro.

Ao longo dos anos, a Veja deixou de lado qualquer missão de fazer jornalismo para se tornar um panfleto de interesses espúrios, negociatas e lobbies. Todos que defendem a liberdade de imprensa devem exigir uma profunda investigação entre as relações promíscuas da revista com setores do poder político e do crime organizado – em muitos casos difícil de detectar onde acaba um e começa outro.




Cachoeira, Demóstenes e Veja armaram o mensalão, denuncia ex-prefeito



fonte: http://brasil247.com/pt/247/poder/50208/%E2%80%9CCachoeira-e-Dem%C3%B3stenes-armaram-o-mensal%C3%A3o%E2%80%9D.htm




O mensalão, maior escândalo político dos últimos anos, que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito em entrevista ao blog 247.

Para quem não se lembra, trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula.

O ingrediente novo na história é a trama que unia três personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no país – atividade que já explorava livremente em Goiás.

Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.

O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo, muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do mensalão, em 2005.

A Veja adotou um dos lados da briga, e, em conluio com a rede Globo e com José Serra estampou em rede nacional o que seria a arma final para desestabilizar o governo Lula.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Trabalhadora da Transpetro sofre queimaduras no Dia Internacional da Mulher


Um grave acidente ocorreu no Laboratório do Terminal Aquaviário da Transpetro de Suape, em Pernambuco, na manhã da quinta-feira, 8 de março, exatamente quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Uma funcionária de uma empresa terceirizada teve queimaduras de primeiro e segundo graus no rosto, na nuca, nas pernas e mãos após ocorrer uma explosão no setor de manuseio de GLP.

No momento, apenas a funcionária encontrava- se na sala, os colegas logo perceberam e saíram em seu socorro. Foi levada para o Hospital São Marcos, onde estava na UTI até a noite de sexta-feira.

No dia seguinte, os trabalhadores da unidade realizaram uma paralisação, organizada pelo Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e Paraíba, inicialmente prevista para durar duas horas, se estendeu por todo o dia em protesto contra a falta de segurança no Terminal.

Segundo o Sindipetro PE-PB, “há tempos denuncia a negligência da empresa com as questões de segurança, inclusive não cumprindo o que determinam as NRs (Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho)”.

Para comprovar o desleixo com a segurança e com a saúde dos trabalhadores, o sindicato ressaltou que a empresa manteve operadores trabalhando por 19 HORAS seguidas e que produtos derivados de petróleo estão sendo transferidos sem análise prévia, como determina a lei.

Para esta trabalhadora, mais uma vítima da falência da política de SMS, o 8 de março será lembrado sempre como uma data trágica para sua vida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PM paulista mata mais que toda polícia dos EUA


O aumento da repressão da PM em São Paulo é fato. Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, dia 27, informa que, das 1.299 pessoas mortas na capital no ano passado, 290 foram atingidas por PMs — 22,3% do total. Ou seja, uma em cada cinco pessoas assassinadas na capital paulista, em 2011, foi morta por um policial militar, em serviço ou não. De acordo com levantamento feito pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo, entre 2005 e 2009 a PM do Estado matou mais do que todas as polícias dos EUA juntas.