segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

DESCANSO

Caros, caras, esse blogueiro dará férias para seus leitores até o começo de janeiro. Feliz 2009 para todos nós

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ANPichada

Manifestantes lambuzam de vermelho a porta da Agência Nacional do Petróleo, no Rio de Janeiro, nas manifestações de 18 de dezembro contra o leilão do petróleo. Foto: Susi Serrao

10ª rodada de leilão do petróleo

greve na refinaria de Paulínia, dia 16, contra o 10º leilão de reservas de petróleo

Enquanto o pau comeu na frente da Petrobrás na manhã deste 18 de dezembro, os compradores e entreguistas de nossas riquezas estão confortavelmente instalados em um hotel da Barra, no Rio.

Pelo sítio da ANP (Agência Nacional do Petróleo), http://www.anp.gov.br/ é possível acompanhar ao vivo os preparativos para o leilão, que deve começar em instantes.

Petroleiros, integrantes do MST e outras categorias profissionais realizaram diversas mobilizações esta semana para tentar barrar o leilão. Na manhã desta quinta-feira, ocuparam a sede da Petrobrás e pintaram de vermelho a sede da ANP.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Bira lança HQ Dom Quixote neste sábado, 20 de dezembro

Postado por Bira Dantas
Pessoal, neste sábado lançarei o meu primeiro grande trabalho solo: D.Quixote.Adaptei, escrevi, desenhei, colori e letrerei tudo.Gostaria de dividir este momento com vocês.Levem seus amigos, parentes, quem gosta de Quadrinhos ou de Literatura.Pode ser um bom presente de Natal também.E depois, podemos ir pedir um chopps e umas pizza, na Prestissimo.Estará acontecendo um evento com cartunistas por lá.Ou seja, animação garantida.Espero vocês lá:
HQ Mix LivrariaLançamento neste sábado (20/12)A partir das 17h00Pça Roosevelt, nº 142Centro - São Paulo - SPTel (11) 3258 7740
DOM QUIXOTEDe Miguel Cervantes, por Bira Dantas88 PáginasLombada QuadradaPapel Couche4 coresR$ 23,90
http://domquixotehq.blogspot.com/
COLETÂNEA DE QUADRINHOSA HQ "Vida e Morte" (roteiro de Heringer, desenhos de Bira, publicada na Garagem Hermética 2) foi uma das escolhidas.http://www.terracotaeditora.com.br
E PRA FINALIZAR A NOITE, PIZZADA DOS CARTUNISTAS NA PRESTÍSSIMO"Pro ano não acabar em pizza"Dia 20 de dezembro, a partir das 20:00Prestíssimo PizzariaAl. Joaquim Eugênio de Lima, 1135, JardinsTel: (11) 3385-4356 http://www.pizzada.net

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Seminário sobre petróleo aponta para necessidade de novo marco para o setor









Há mais de 100 milhões de anos, quando os continentes americanos e africanos começaram a se desmembrar, formando o atual quadro geológico, gigantescos arquipélagos de sal se concentraram nas encostas africanas e do Brasil, entre Santa Catarina e Espírito Santo, formando uma bolsa protetora natural que possibilitou que o petróleo depositado abaixo dessa camada não se espalhasse e subisse a níveis mais próximos da superfície do mar. Milhões de anos após esse evento, a tecnologia de uma empresa brasileira criada em 1953 por meio da luta, suor e sangue de seu povo, anunciava ao mundo a descoberta de reservas de petróleo de alta qualidade, que podem transformar o Brasil na terceira maior potência energética do planeta ao longo do século 21.
Se isso não lhe parece muito, basta lembrar que no decorrer do século 20, as principais guerras foram travadas pelo controle de bens energéticos. A mais recente, a invasão estadunidense ao Iraque, ainda faz vítimas diárias. O grande irmão do norte tem reservas próprias estimadas para mais quatro ou cinco anos e precisa desesperadamente se apropriar das riquezas de outros países para manter o insustentável modo de consumo de sua população. Assim que o Brasil confirmou a descoberta das reservas de petróleo na camada do pré-sal, os EUA reativaram a quarta frota - inerte desde o fim da segunda grande guerra - divisão da marinha responsável por operações no Hemisfério Sul. Pura coincidência declarou o almirante Joseph Kerman, comandante da frota.
Apesar de ser um bem finito, o petróleo é a mais utilizada fonte de energia do mundo, correspondendo a 61,4% de toda a matriz energética mundial. Ter o controle desse ouro negro é cada vez mais estratégico para o desenvolvimento das nações e é com essa avaliação que o movimento sindical procura barrar os leilões de petróleo programados pelo governo brasileiro.
A necessidade de debater a regulação do setor petrolífero no país levou a Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT) a promover, no dia 1º de dezembro, em São Paulo, um seminário com técnicos, políticos e representantes da Petrobrás, no intuito de aprofundar e o tema e levantar propostas de ação na luta por um novo marco regulatório para o setor. Em dois painéis participaram dos debates o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o jurista Fábio Konder Comparato, o professor da USP, Ildo Sauer, o economista do Dieese, Henrique Jager, o jornalista e ambientalista Washington Novaes e Wanderlei Cardoso, assessor da presidência da Petrobrás Biocombustíveis, nova empresa criada em 2008. Os debates foram transmitidos ao vivo e os vídeos estão disponíveis na página da FUP (http://itv.netpoint.com.br/fup/).

FHC deu de bandeja
Desde sua criação, a Petrobrás detinha o monopólio da comercialização do petróleo, regra que foi flexibilizada (eufemismo para entrega às multinacionais) por meio da lei 9478/97, promulgada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. A partir desta lei, o governo passou a ofertar áreas de exploração de petróleo para quem tivesse interesse. A Petrobrás se viu na condição de ter de concorrer com outras empresas por áreas nas quais já havia investido em pesquisa e detinha alto conhecimento técnico.
Para se ter uma vaga idéia do tamanho da entrega, apenas os poços de Tupi e Iara têm um potencial de extração de 8 a 12 bilhões de barris; ao preço atual de cerca de 50 dólares o barril, esses campos podem gerar receitas de até U$$ 600 bilhões de dólares. Sabe por quanto foram vendidas as áreas? Pela “astronômica” cifra de15 milhões de reais!
É contra esta política entreguista que o movimento sindical saiu às ruas para coletar assinaturas para a criação de uma lei de iniciativa popular que mude a legislação e devolva ao país a soberania do controle do petróleo.

Palestra técnica
O coordenador da FUP, João Antonio de Moraes, abriu os trabalhos do seminário lembrando a luta dos trabalhadores brasileiros na primeira metade do século passado pela criação da Petrobrás e destacou a importância do evento promovido pela Federação para subsidiar a militância sindical e levar a luta pelo petróleo para a população como uma questão social.
Em sua palestra, o presidente da Petrobrás reconheceu a importância do tema, mas deixou claro que faria uma abordagem apenas técnica do tema, evitando, assim, entrar no cerne da proposta do seminário. Segundo estudos da empresa, a província do pré-sal abrange uma área de 112 mil km2. Para se obter a segurança de haver petróleo em quantidade comerciável foram feitos 16 furos ao longo da costa todos tiveram 100% de êxito. Gabrielli mencionou as dificuldades logísticas, de automação e escoamento para defender a necessidade de se desenvolver um novo modelo de produção. Respondendo indiretamente a um editorial do jornal Folha de S.Paulo, que criticou o aumento do número de empregados da empresa, Gabrielli afirmou que a Petrobrás passou 10 anos sem contratação e que é necessário recompor o efetivo de mão-de-obra da empresa. Atualmente, com o praticamente o mesmo número de trabalhadores do início dos anos 90 (cerca de 60 mil empregados próprios), a Petrobrás produz muito mais do que na década do neoliberalismo - período em que a empresa perdeu 40% de seu efetivo - e a perspectiva é de se contratar mais 12 mil trabalhadores até 2012.

A história é um carro alegre
Coube ao economista do Dieese e assessor da FUP, Henrique Jager, a intervenção mais contundente do primeiro painel do seminário. Henrique procurou contrapor a uma tese veiculada constantemente pela imprensa de que o pré-sal só se tornou realidade por causa da flexibilização ocorrida pela lei 9478.
Segundo o economista, o modelo de concessão adotado pela lei está em desuso em todo o mundo e a estratégia de privatização trouxe enormes prejuízos para o Brasil. “Uma das principais questões que temos de responder é quem vai se apropriar da riqueza gerada pelo petróleo do pré-sal”, questionou. Para Jager, a Petrobrás sofreu um complexo de empresa pequena e estava à beira de ser totalmente sucateada pelo governo FHC, como porta de entrada para a privatização. Um dos resultados desse “complexo”, segundo ele, foi a ocorrência, no início dos anos 2000, dos três piores acidentes da história da empresa, entre eles a afundamento da Plataforma P-36, que ocasionou a morte de 11 trabalhadores.
Para o economista, “a mudança de governo foi fundamental para alterar a estratégia do país em relação à Petrobrás” e citou, como exemplo, o fato de no antigo governo todas as sondas da empresa estarem localizadas na bacia de Campos. Por lei, essas sondas teriam de ser entregues à ANP porque estavam sem utilização prática; sob o governo Lula, a Petrobrás redistribuiu as sondas por toda a faixa litorânea do país e com isso foi possível fazer as prospecções necessárias para se encontrar o petróleo abaixo da camada do pré-sal.

Novo marco
O senador Aloízio Mercadante fez uma análise macro-econômica da evolução do petróleo como commoditie, sua importância estratégica no cenário internacional e como a descoberta do pré-sal pode alterar o panorama mundial em favor do Brasil. Frisando não falar em nome do governo, defendeu a necessidade de um novo marco regulatório, apesar de enfatizar que o governo Lula não promoveu nenhum leilão nas áreas do pré-sal após o anúncio das descobertas. No entanto, defendeu a manutenção dos atuais contratos, tema questionado pelo movimento sindical, e fez uma reflexão sobre a necessidade de se mudar a política de royalties.
Ao final de sua palestra, Mercadante defendeu que o lucro do petróleo seja investido prioritariamente em educação de base, para formar uma nova geração no país com conhecimento e cidadania.

Questão ambiental
O jornalista Washington Novaes, antigo militante das causas ambientais, apresentou diversos relatórios internacionais que apontam os riscos que o planeta corre com o aquecimento global e o uso indiscriminado de combustíveis fósseis. Citando um relatório da Agência Internacional de Energia, que prevê um aumento na temperatura do planeta de 6º até 2050, Novaes clamou para a necessidade de se mudar os padrões de consumo e defendeu que a Petrobrás aponte seu foco para outras energias renováveis, como a eólica.
No painel ocorrido no período da tarde, Fábio Konder Comparato apresentou os problemas jurídicos da lei 9478/97, considerando-a inconstitucional, mas alertou para a necessidade de a campanha pela sua revogação ganhar as ruas e incorporar novos atores, como a igreja católica. O engenheiro e professor da USP, Ildo Sauer, apresentou uma aula da formação geológica do petróleo e de como a humanidade se desenvolveu utilizando as diversas fontes de energia, como o carvão no período pré-revolução industrial. O último palestrante, Wanderlei Cardoso, apresentou a composição e missão da Petrobrás Biocombustíveis, nova empresa da holding.
O seminário foi acompanhado por cerca de 200 participantes e transmitido ao vivo pela internet. Para o coordenador da FUP, João Moraes, seu objetivo foi plenamente alcançado e a tarefa do movimento sindical é priorizar ações para garantir que as riquezas do pré-sal não sejam entregues a empresas que não têm nenhum interesse com o desenvolvimento do Brasil. “Temos de popularizar este tema, essa não é uma luta apenas da categoria petroleira, é do movimento sindical como um todo e, ainda mais, de toda a população, porque se trata da possibilidade de inaugurarmos um novo país; o Brasil pode se tornar umas das maiores potências energéticas do mundo nos próximos 15, 20 anos, e precisamos ter governos com visão de Estado para utilizar essa riqueza em benefício de toda a população”.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Paulinho na mira

A Câmara Federal apura denúncias de envolvimento do deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) com desvio de verbas no BNDES. O relator do processo, Paulo Piau (PMDB-MG) recomendou, no Conselho de Ética, a cassação do deputado sindicalista. Além desse inquérito, Paulinho é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por desvio de verbas destinadas a cursos de formação profissional. Entre os "alunos" beneficiados pelos cursos da Força Sindical, o Ministério Público identificou 26991 "fantasmas" e 24.948 detentores de CPFs retidos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Discriminação financeira

Segundo estudo do Seade/Dieese divulgado na semana passada, os negros recebem, em média, metade do salário pago a não-negros (brancos e amarelos) na Grande São Paulo. Enquanto os negros recebem R$ 4,36 por hora, os não-negros recebem R$ 7,98. Maior escolaridade não diminui a diferença segundo a pesquisa, pelo contrário. A diferença de salários pagos a trabalhadores negros (R$ 3,44 por hora) e brancos (R$ 4,10) que não concluíram o ensino fundamental gira em torno de 19%; entre os que terminaram o ensino superior a diferença chega a 40%: negros recebem em média R$ 13,86 por hora contra R$ 19,49 pago a não-negros.

Marcha a Brasília chega a sua 5ª edição com pauta ampliada

Pelo quinto ano consecutivo, as prin-cipais centrais sindicais – tendo à frente a CUT – realizam a Marcha a Brasília. O movimento, que começou com intuito de pressionar o governo pelo reajuste do salário mínimo, ganhou contornos maiores e agora apresenta uma ampla pauta de reivindicações, que será entregue em audiência a ministros e parlamentares.
Essa grande manifestação, que acontece anualmente e reúne cerca de 30 mil trabalhadores, já conquistou a revitalização do salário mínimo em um acordo que envolveu sindicalistas e governo. Este ano, diante da conjuntura de crise internacional, as centrais avaliam que a Marcha deverá enfatizar a luta por medidas de combate efetivo dos efeitos da crise, como a redução de juros e maior investimento nas áreas sociais e de infra-estrutura. "Com a recessão batendo nos EUA, Europa e Japão, e vindo para a América Latina, precisamos priorizar iniciativas em defesa do nosso mercado interno, com uma resposta firme do Estado brasileiro em apoio à classe trabalhadora e ao setor produtivo. As centrais têm propostas, já amplamente debatidas na Jornada pelo Desenvolvimento, e que precisam ser implementadas para que os trabalhadores não paguem a conta da crise que é do sistema capitalista e de sua lógica especulativa", avalia o secretário geral da CUT, Quintino Severo.

A crise da extrema esquerda

Por Emir Sader
Os resultados das eleições municipais vieram corroborar o que o cenáriopolítico nacional já permitia ver: o esgotamento do impulso da extremaesquerda, que tinha sido relançada no começo do governo Lula. A votação emtorno de 1% de dois dos seus três parlamentares, candidatos a prefeito emSão Paulo e no Rio de Janeiro, com votações significativamente menores doque as que tiveram como candidatos a deputados, sem falar na diferençacolossal em relação à candidata à presidência, apenas dois anos antes – sãoa expressão eleitoral, quantitativa, que se estendeu por praticamente todo opaís, do esgotamento prematuro de um projeto que se iniciou com uma lógicaclara, mas esbarrou cedo em limitações que o levam a um beco difícil, se nãohouver mudança de rota. A Carta aos Brasileiros, anunciando que o novo governo não iria rompernenhum compromisso – nesse caso, com o capital financeiro, para bloquear oataque especulativo, medido pelo “risco Lula” -, a nomeação de Meirellespara o Banco Central e a reforma da previdência como primeira do governo –desenharam o quadro de decepção com o governo Lula, que levaria à saída doPT de setores de esquerda. A orientação assumida pelo governo inicialmente,em que a presença hegemônica de Palocci fazia primar os elementos decontinuidade com o governo FHC sobre os de mudança – estes recluídosbasicamente na política externa diferenciada e em setores localizados – e areiteração de um governo estritamente neoliberal davam uma imagem de umgoverno que era considerado pelos que abandonavam o PT, comoirreversivelmente perdido para a esquerda. O dilema para a esquerda era seguir a luta por um governo anti-neoliberaldentro do PT e do governo ou sair para reagrupar forças e projetar aformação de uma nova agrupação. Naquele momento se cogitou a constituição deum núcleo socialista, dos que permaneciam e dos que saíam do PT, paradiscutir amplamente os rumos a tomar. Não apenas cabia uma força à esquerdado PT, como se poderia prever que ela seria engrossada por setores amplos,caso a orientação inicial do governo se mantivesse. Dois fatores vieram a alterar esse quadro. O primeiro, a precipitação nafundação de um novo partido – o Psol -, com o primeiro grupo que saiu do PT– em particular a tendência morenista – passando a controlar as estruturasda nova agremiação. Isto não apenas estreitou organizativamente o novopartido, como o levou a posições de ultra-esquerda, responsáveis pelo seuisolamento e sectarização. A candidatura presidencial nas eleições de 2006agregou um outro elemento ao sectarismo, que já levaria a uma posição deeqüidistância em relação ao governo Lula. O raciocínio predominante foi o deque o governo era o melhor administrador do neoliberalismo, porque além demantê-lo e consolidá-lo, o fazia dividindo e confundindo a esquerda,neutralizando a amplos setores do movimento de massas. Portanto deveria serderrotado e destruído, para que uma verdadeira esquerda pudesse surgir. Ogoverno Lula e o PT passaram a ser os inimigos fundamentais da novaagrupação. Esse elemento favoreceu a aliança – já desenhada no Parlamento, masconsolidada na campanha eleitoral – com a direita – tanto com o blocotucano-pefelista, como com a mídia oligárquica -, na oposição ao governo e àreeleição de Lula. A projeção midiática benevolente da imagem da candidatado Psol lhe permitia ter mais votos do que os do seu partido, mascomprometia a imagem do partido com uma campanha despolitizada eoportunista, em que a caracterização do governo Lula não se diferenciavadaquela feita na campanha do “mensalão”. Como se poderia esperar, apesar dealgumas resistências, a posição no segundo turno foi a do voto nulo, isto é,daria igual para o novo partido a vitória do neoliberal duro e puro Alckminou de Lula. (Se tornava linha nacional oficial o que já se havia dado nasprimeiras eleições em que o Psol participou, as municipais, em que, porexemplo, em Porto Alegre, diante de Raul Pont e Fogaça, no segundo turno, seafirmou que se tratava da nova direita contra a velha direita e se decidiupelo voto nulo.) Uma combinação entre sectarismo e oportunismo foi responsável pelocomprometimento da orientação política do novo partido, que o levou a perdera possibilidade de formação de um partido à esquerda do PT, que se aliasse aeste nos pontos comuns e lutasse contra nos temas de divergência. Osectarismo levou a que sindicatos saíssem da CUT, sem conseguir se agruparcom outros, enfraquecendo a esquerda da CUT e se dispersando no isolamento.Levou a que os parlamentares do Psol votassem contra o governo em tudo – atémesmo na CPMF – e não apoiassem as políticas corretas do governo – como apolítica internacional, entre outras. Esta se dá porque o governo brasileirotem estreita política de alianças com as principais lideranças de esquerdano continente – como as de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia -, que apóiam ogoverno Lula, o que desloca completamente posições de ultra-esquerda – quese reproduzem de forma similar a dessa corrente no Brasil nesses países -,deixando de atuar numa dimensão fundamental para a esquerda – a integraçãocontinental. Por outro, o governo Lula passou a outra etapa, com a saída de vários deseus ministros, principalmente Palocci, conseguindo retomar um cicloexpansivo da economia e desenvolvendo efetivas políticas de distribuição derenda, ao mesmo tempo que recolocava o tema do desenvolvimento como central– deslocando o da estabilidade, central para o governo FHC -, avançando narecomposição do aparelho do Estado, melhorando substancialmente o nível doemprego formal, diminuindo o desemprego, entre outros aspetos. A caracterização do governo Lula como expressão consolidada doneoliberalismo, um governo cada vez mais afundado no neoliberalismo –reedição de FHC, de Menem, de Carlos Andrés Perez, de Fujimori, de Sanchezde Losada – se chocava com a realidade. Economistas da extrema esquerda continuaram brigando com a realidade,anunciando catástrofes iminentes, capitulações de toda ordem, tentandoresgatar sua equivocada previsão sobre os destinos irreversíveis do governo,tentando reduzir o governo Lula a uma simples continuação do governo FHC,reduzindo as políticas sociais a “assistencialismo”, mas foramsistematicamente desmentidos pela realidade, que levou ao isolamento totaldos que pregam essas posições desencontradas com a realidade. O isolamento dessas posições se refletiu no resultado eleitoral, em quetodas as correntes de ultra-esquerda ficaram relegadas à intranscendênciapolítica, revelando como estão afastadas da realidade, do sentimento geraldo povo, dos problemas que enfrenta o Brasil e a América Latina. Aspolíticas sociais respondem em grande parte pelos 80% de apoio dogoverno,rejeitado por apenas 8%. Para a direita basta a afirmação do“asisistencialismo” do governo e da desqualificação do povo, que se deixariacorromper por “alguns centavos”, mas a esquerda não pode comprá-la, porreacionária e discriminatória contra os pobres. Confirmação desse isolamento e de perda de sensibilidade e contato com arealidade é que não se vê nenhum tipo de balanço autocrítico, sequerconstatação de derrota da parte da extrema esquerda. Se afirma que sefizeram boas campanhas, não importando os resultados, como se se tratassemde pastores religiosos que pregam no deserto, com a consciência de querepresentam uma palavra divina, que ainda não foi compreendida pelo povo.(Marx dizia que a pequena burguesia sofre derrotas acachapantes, mas não seautocrítica, não coloca em questão sua orientação, acredita apenas que opovo ainda não está maduro para sua posições, definidas essencialmente comocorretas, porque corresponderiam a textos sagrados da teoria.) Não fazer um balanço das derrotas, não se dar conta do isolamento em que seencontram, da aliança tácita com a direita e das transformações do governoLula – junto com as da própria realidade econômica e social do país –, daconstatação do caráter contraditório do governo Lula, que não deveria ser seinimigo fundamental revelariam a perda de sensibilidade política, o quepoderia significar um caminho sem volta para a extrema esquerda. Seria umapena, porque a esquerda brasileira precisa de uma força mais radical, que sealie ao PT nas coincidências e lute nas divergências, compondo um quadromais amplo e representativo, combinando aliança a autonomia, que faria bem àesquerda e ao Brasil.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eu não confio em Barack Obama

A mídia internacional em geral, e a brasileira em particular, que possui vasta vocação de puxar o saco dos poderosos, saudou a vitória do senador do Partido Democrata, Barack Obama, à Presidência dos EUA como se tivesse ocorrido uma revolução social no país e fosse ele o salvador do mundo de uma crise criada pelo império que agora irá governar.
Há 20 anos a política dos Estados Unidos é controlada por duas famílias, a Bush e a Clinton. Bush pai exerceu o mandato de 1989 a 1993, sucedido por Bill Clinton até 2001 e este pelo atual presidente, Bush filho da pátria. Se Hillary Clinton tivesse vencido a disputa pela indicação dos Democratas, a história se repetiria como farsa ou tragédia. Deste ponto de vista é salutar a presença de um estranho no ninho. Nem tão estranho, assim. Obama aprendeu em Harvard, onde cursou Direito, como fazer carreira em política.
O fato de ser negro também lhe confere um caráter de quebra de paradigma, em um país declaradamente racista. Mas, a cor da pele, ou a origem social, ou ser um migrante nordestino no Brasil é, em si, garantia de que se fará um governo de ruptura.
O democrata Clinton lançou bombas sobre o Iraque quando seu caso com a estagiária Mônica, regado a charutos cubanos, quase lhe custou o impedimento. Democratas e republicanos são cada vez mais parecidos um com o outro, como os porcos e os humanos da fábula revolução dos bichos, de George Orwell. Em nenhum momento de sua campanha, Barack Obama se comprometeu claramente com a retirada das tropas do Iraque, com o fim dos ataques ao Afeganistão ou com a apuração dos crimes de guerra de Bush filho - por muito menos que Bush, Sadam Hussein foi jogado aos leões. Obama, que também é Hussein, sabe que se elegeu presidente do Império e vai defendê-lo com as armas que dispor. Há mais de 100 anos, dia após dia, os Estados Unidos estão em guerra em algum - ou vários – ponto da terra. Há mais de 100 anos os Estados Unidos combatem diariamente a o mundo.
Obama será menos truculento que Bush, com certeza, mas não abrirá mão do tripé que sustenta qualquer império: a dominação econômica, a supremacia militar e a sedução da ideologia.
Os Estados Unidos continuam a ser inimigos da humanidade. E Barack Hussein Obama Jr. é agora seu principal representante.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Massacre na CSN completa 20 anos




O ano era 1988, o processo de redemocratização do país parecia não ter volta, havia pouco mais de um mês que a nova Constituição fora promulgada, regulamentando o direito de greve entre diversos outros direitos históricos. Naquele clima de tênue liberdade, cerca de 20 mil metalúrgicos cruzaram os braços e ocuparam a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, exigindo correção de salários solapados pela inflação.
Em 9 de novembro, o exército se posicionou para cumprir um mandato de reintegração de posse da CSN. Militares com rostos pintados para a guerra começaram a atirar contra os grevistas, que resistiam com paus e pedras. Os relatos posteriores mostram que não houve uma batalha, houve caça. Trabalhadores correndo para dentro da empresa para se esconder e cerca de 2 mil militares armados de bombas e fuzis atirando em quem encontravam pela frente.
O resultado da caçada foi o assassinato de três trabalhadores. William Fernandes Leite, de 23 anos, foi baleado no pescoço – estava longe do centro do conflito; Walmir Freitas de Monteiro, 28 anos, teve o tórax atravessado por uma bala de fuzil. O corpo de Carlos Augusto Barroso, 19, foi encontrado com sinais de espancamento e afundamento de crânio.

Prêmio aos assassinos
A população de Volta Redonda, palco dos acontecimentos, saiu às ruas em protesto. Em diversos cantos do país ocorreram manifestações exigindo punição aos culpados; a tragédia ocupou os noticiários internacionais, mobilizou entidades de direitos humanos, mas nada aconteceu.
O Estado não foi responsabilizado pelos crimes. Nenhum militar depôs na Justiça comum, o inquérito conduzido na esfera militar não apontou culpados. Pelo contrário. Em 1999, o general José Luís Lopes da Silva, que comandou o massacre, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar, pelo então presidente Fernando Henrique.
Lopes da Silva se aposentou em 2004 com polpudos rendimentos, enquanto as famílias dos três operários receberam uma parca indenização a título de “acidente de trabalho”.
Nas comemorações do 1º de Maio do ano seguinte, uma obra de Oscar Niemeyer foi inaugurada em Volta Redonda em homenagem aos três trabalhadores. Menos de 24 horas depois ela estava no chão, vitimada por um atentado a bomba, que também nunca foi investigado com seriedade.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Por mais crédito

Nesta terça-feira, 4/11, a partir das 10h, em frente à matriz do Banco Real, na Avenida Paulista, 1374, a CUT, a Federação Estadual dos Metalúrgicos e o Sindicato dos Bancários realizam um protesto contra a retenção do crédito por parte dos bancos, que estão aproveitando o clima de temor instalado pela crise internacional para apertar ainda mais a concessão de empréstimos produtivos. A manifestação terá dois lemas principais: "Pela Liberação do Crédito e em Defesa do Emprego" e "Menos Especulação e Mais Produção".

Dois pesos

Enquanto os governos gastam bilhões para salvar os bancos, seriam necessários investimentos de apenas 1% a 2% do PIB mundial para solucionar os problemas de mudanças climáticas. Para acabar com a fome, metade do que foi dado apenas aos bancos ingleses, US$ 30 bilhões. Para lutar contra a aids, somente US$ 10 bilhões por ano.

Custo da crise (2)

Tais perdas equivalem a 5% do PIB mundial. O maior prejuízo ficará com os bancos dos EUA: US$ 1,57 trilhão. Na zona do euro serão 784,6 bilhões.

Custo da crise (1)

Segundo o Banco Central da Inglaterra, desde abril os governos já gastaram mais de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) global para salvar os bancos, o equivalente a mais de quatro vezes o tamanho da economia brasileira.

governo adia apresentação de projeto sobre marco regulatório

Durante a semana passada, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, anunciou, em seminário realizado para empresários, que a proposta de um novo marco regulatório para o setor de petróleo deve ser concluída até o final de novembro. Assim, o governo adia, pela segunda vez, a apresentação da proposta que deverá ser encaminhada para o Congresso Nacional. A última previsão era que o projeto se tornasse público após o segundo turno das eleições, mas as incertezas diante da crise e a vacilação do governo diante de tema tão relevante levaram a novo adiamento.
A ministra voltou a afirmar que uma das idéias em estudo é a capitalização da Petrobrás, trocando as reservas sem concessão por ações da estatal. Dilma lembrou, também, que o conceito central das mudanças no marco regulatório é o de aumentar a participação da União na receita com a exploração do petróleo do pré-sal.
Os entreguistas e os tubarões de sempre aproveitam a crise financeira e a queda do preço do barril do petróleo para pressionar o governo a enviar ao Congresso um “novo marco regulatório” que, na prática, não altere a questão principal, que é a oferta das áreas do pré-sal às empresas multinacionais. Sem o fim dos leilões – tanto da área do pré-sal como das reservas terrestres – não haverá marco regulatório que garanta a soberania da nação sobre o mais importante insumo de energia do planeta.
Não se trata, apenas, de aumentar a participação da União nos lucros e nos royalties, é necessário visão estratégica de nação e de futuro para proteger essa riqueza e garantir a sustentabilidade das gerações futuras.
A FUP, a CUT, os sindicatos e os movimentos populares intensificam sua campanha de coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular, que garanta o controle social sobre o lucro do petróleo do Brasil, a reestatização da Petrobrás e o investimento em educação, saúde e programas sociais.

Seminário da FUP é adiadoDevido ao agravamento da crise financeira mundial, que tem impactado também a indústria de petróleo em todos os países, vários palestrantes convidados pela FUP cancelaram sua participação no seminário Regulamentação do setor petrolífero brasileiro – Um desafio para os trabalhadores, que estava agendado para ocorrer nesta segunda-feira, dia 3, em São Paulo. Em função disso, a direção da Federação adiou o evento para o dia 24 novembro.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Segundo turno: PT concorre em 15 cidades, PMDB em 13 e PSDB em 9

Nas trinta cidades com mais de 200 mil habitantes que haverá segundo turno no próximo domingo, o PT disputa com chances em 11 e o PMDB disputam em outras 10. PT e PMDB, os dois grandes partidos da base aliada de Lula, disputa entre si em Salvador (resultado completamente indefinido) e Porto Alegre (vantagem para o peemedebista José Fogaça, contra a petista Maria do Rosário). O PSDB tem candidato em 10 municípios, com vantagem nas pesquisas em São Luiz e Cuiabá. Apenas em São Bernardo, terra política do presidente Lula, PT e PSDB se enfrentam no segundo turno, com vantagem para Luiz Marinho, pupilo político do presidente. O DEM, enxotado no Nordeste, tenta sobreviver emplacando o prefeito da maior cidade do país, São Paulo.
A configuração do mapa político após o próximo domingo será decisiva para o planejamento da campanha presidencial de 2010. O PT e o PMDB saem fortalecidos dessas eleições municipais, mas a quase certa derrota em São Paulo vai custar caro para o Partido dos Trabalhadores.

Veja, a seguir, as mais recentes pesquisas dos institutos sobre as disputas do segundo turno por estado.

AMAPÁ
Macapá
Camilo Capiberibe (PSB) – 54%
Roberto Góes (PDT) – 37%
Pesquisa: Ibope

AMAZONAS
Manaus
Amazonino Mendes (PTB) – 59%
Serafim Corrêa (PSB) – 34% (candidato à reeleição)
Pesquisa: Ibope

BAHIA
Salvador
João Henrique Carneiro (PMDB) – 44% (candidato à reeleição)
Walter Pinheiro (PT) – 44%
Pesquisa: Ibope

João Henrique Carneiro (PMDB) – 48% (candidato à reeleição)
Walter Pinheiro (PT) – 41%
Pesquisa: Datafolha

ESPÍRITO SANTO
Vila Velha
Neucimar Fraga (PR) – 47%
Dr. Hércules (PMDB) – 40,3%
Pesquisa: Futura

GOIÁS
Anápolis
Antônio Gomide (PT) – 66,2%
Onaide Santillo (PMDB) – 22,6%
Pesquisa: Instituto Serpes

MARANHÃO
São Luís
João Castelo (PSDB) – 54%
Flávio Dino (PCdoB) – 38%
Pesquisa: Ibope

MATO GROSSO
Cuiabá
Wilson Santos (PSDB) – 58% (candidato à reeleição)
Mauro Mendes (PR) – 34%
Pesquisa: Ibope

MINAS GERAIS
Belo Horizonte
Leonardo Quintão (PMDB) – 47%
Márcio Lacerda (PSB) – 37%
Pesquisa: Datafolha

Leonardo Quintão (PMDB) – 51%
Márcio Lacerda (PSB) – 33%
Pesquisa: Ibope

Contagem
Marília Campos (PT) – 45,11% (candidata à reeleição)
Ademir Lucas (PSDB) – 35,66%
Pesquisa: DataTempo/CP2

Juiz de Fora
Margarida (PT) – 46%
Custódio Mattos (PSDB) – 41%
Pesquisa: Ibope

Montes Claros
Athos Avelino (PPS) – 50,9% (candidato à reeleição)
Luiz Tadeu Leite (PMDB) – 49,1%
Pesquisa: Aprove

Luiz Tadeu Leite (PMDB) – 55%
Athos Avelino (PPS) – 34% (candidato à reeleição)
Pesquisa: Vox Populi

PARÁ
Belém
Duciomar Costa (PTB) – 46% (candidato à reeleição)
José Priante (PMDB) – 43%
Pesquisa: Ibope

PARAÍBA
Campina Grande
Rômulo Gouveia (PSDB) – 47%
Veneziano (PMDB) – 47% (candidato à reeleição)
Pesquisa: Ibope

PARANÁ
Londrina
Antonio Belinati (PP) – 46%
Luiz Carlos Hauly (PSDB) – 44%
Pesquisa: Ibope

Ponta Grossa
Sandro Alex (PPS) – 47%
Pedro Wosgrau (PSDB) – 41% (candidato à reeleição)
Pesquisa: Ibope

RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro
Fernando Gabeira (PV) – 42%
Eduardo Paes (PMDB) – 39%
Pesquisa: Ibope

Fernando Gabeira (PV) – 44%
Eduardo Paes (PMDB) – 42%
Pesquisa: Datafolha


Campos dos Goytacazes
Rosinha Garotinho (PMDB) – 49%
Arnaldo Vianna (PDT) – 36%
Pesquisa: Ibope

Petrópolis
Paulo Mustrangi (PT) – 51%
Ronaldo Medeiros (PSB) – 34%
Pesquisa: Ibope

RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre
José Fogaça (PMDB) – 54% (candidato à reeleição)
Maria do Rosário (PT) – 38%
Pesquisa: Ibope

José Fogaça (PMDB) – 50%
Maria do Rosário (PT) – 37%
Pesquisa: Datafolha

Pelotas
Fetter Jr. (PP) – 50,4% (candidato à reeleição)
Marroni (PT) – 37,6 %
Pesquisa: Fato

Canoas
Jairo Jorge (PT) – 51,6%
Jurandir Maciel (PTB) – 39,3%
Pesquisa: Fato

SANTA CATARINA
Florianópolis
Dário Berger (PMDB) – 50% (candidato à reeleição)
Esperidião Amin (PP) – 33%
Pesquisa: Ibope

Joinville
Carlito Merss (PT) – 62,7%
Darci de Matos (DEM) – 28,2%
Pesquisa: Mapa

SÃO PAULO
São Paulo
Gilberto Kassab (DEM) – 51% (candidato à reeleição)
Marta Suplicy (PT) – 39%
Pesquisa: Ibope

Bauru
Rodrigo Agostinho (PMDB) – 48%
Caio Coube (PSDB) – 40%
Pesquisa: Ibope

Guarulhos
Sebastião Almeida (PT) – 50,4%
Carlos Roberto (PSDB) – 29,1%
Pesquisa: Casa da Pesquisa

Mauá
Oswaldo Dias (PT) – 52%
Chiquinho do Zaira (PSB) – 33%
Pesquisa: Ibope

Santo André
Vanderlei Siraque (PT) – 45%
Dr. Aidan (PTB) – 38%
Pesquisa: Ibope

São Bernardo do Campo
Luiz Marinho (PT) – 51%
Orlando Morando (PSDB) – 34%
Pesquisa: Ibope

São José do Rio Preto
João Paulo Rillo (PT) – 47%
Valdomiro Lopes (PSB) – 39%
Pesquisa: Ibope

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Nota do Conanda sobre o sequestro de Santo André

CONANDA PEDE APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADES NA ATUAÇÃO DO
COMANDO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) vem a público manifestar solidariedade à família da adolescente que fora seqüestrada em companhia de sua amiga, outra adolescente de 15 anos, em Santo André (SP) e que, após ser baleada no momento da tentativa de resgate, teve morte cerebral na noite deste sábado, dia 18. O Conselho também repudia a forma como foi conduzida, pelo Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a operação do seqüestro das duas adolescentes, em Santo André (SP).
O Conanda solicita a instauração imediata de inquérito para apuração das responsabilidades sobre os disparos que atingiram a ambas, no ato de tentativa de libertação, na noite de sexta-feira, dia 17.
Em que pese o acúmulo de competências da Polícia Militar, chama a atenção que os responsáveis pela operação não tenham reconhecido a complexidade do caso, em que o detentor apresentava claros sinais de distúrbios emocionais, fato este que demandava, portanto, o envolvimento de outros profissionais habilitados para mediar conflitos, minimizando os riscos à integridade física das meninas. Também é evidente a inaceitável ação do Comando, de permitir que uma amiga da adolescente, libertada na terça-feira (14), retornasse ao cativeiro em que a amiga ainda era mantida refém, bem como a malsucedida tentativa de resgate, na sexta-feira, que resultou no alto grau de exposição face aos disparos que atingiram as adolescentes.
Tais episódios evidenciam o grave descumprimento do Comando da Polícia Militar à Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma vez que esta instituição tem a função precípua de zelar pelo cumprimento das leis e pela proteção absoluta e prioritária da população infanto juvenil.
Cabe destacar que, de acordo com o ECA:
· Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (artigo 5º);
· É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondoos
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor (artigo 18);
· Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento é passível de pena de 6 meses a dois anos (artigo 232).
Neste sentido, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente:
· Solicitou ao Conselho Tutelar de Santo André que instaure procedimento para verificar as violações dos direitos dos adolescentes envolvidos no caso, reforçando o papel deste importante órgão de defesa de direitos;
· Apóia a decisão do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CondepeSP), no sentido de demandar à Ouvidoria e à Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo a apuração da conduta dos policiais militares envolvidos na operação;
· Reforça a importância de uma reflexão acerca dos procedimentos adotados para casos de alta complexidade como este, especialmente por envolver vidas de crianças e adolescentes;
· Anseia pelo fortalecimento de ações educativoculturais que promovam a Cultura da Paz.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Campanha de Marta tenta impugnar de Kassab (e a mídia ignora)



A campanha da petista Marta Suplicy entrou na quinta-feira, 16, com representação na Justiça eleitoral para cassar a candidatura do demo Gilberto Kassab. Segundo o setor jurídico da campanha de Marta, o atual prefeito usou a máquina da Prefeitura para fazer sua campanha, em inauguração/comício em que Kassab aparece segurando um "checão" e anunciando investimentos no metrô. O sítio do DEM reproduziu a foto em clima de campanha.
Além da cassação do registro da candidatura, a campanha de Marta pede a punição de Kassab e do presidente do Metrô, José Jorge Fagali, com multa.

Cobertura ideológica
Os principais portais de notícias deram pouco ou nenhum destaque. Diametralmente oposto da atitude que tomaram em relação à peça veiculada por Marta que questiona se o eleitor conhece o Kassab. Quando o DEM entrou com representação contra a propaganda, TODOS os veículos noticiaram em letras garrafais, fizeram suítes durante dias, entrevistaram "especialistas" e os escambau.
No episódio atual, nem o portal Terra nem o Yahoo haviam dado uma linha em suas páginas principais. O Uol publicou uma chamada sem qualquer destaque e o Estadão deu a notícia com destaque, mas no mesmo quadro colocou uma nota do PSDB atacando a campanha Marta.

E ainda tem gente que se ilude com a imprensa deste país.

Nota da CUT-SP sobre o confronto dos policiais civis e militares

A responsabilidade que José Serra não assume

Mais uma vez, o governador de São Paulo, José Serra, como forma de ludibriar a opinião pública, transfere a responsabilidade sobre a greve dos policiais civis para a Central Única dos Trabalhadores.
Apesar de não serem filiadas à CUT-SP, manifestamos integral apoio não somente às associações e sindicatos de policiais civis, em campanha por melhores condições de trabalho, mas ao funcionalismo como um todo, em luta contra a precarização dos serviços públicos que se aprofunda na gestão de Serra.
Defendemos o respeito ao direito constitucional de greve e ao diálogo, que não acontece na administração tucana e atinge ainda trabalhadores de outros setores como a saúde, a educação e até mesmo a Nossa Caixa, tratados como criminosos pelo governo do PSDB.
Lamentamos o confronto da tarde desta quinta-feira, tal qual a ação do governador que usa a segurança pública para evitar a negociação e se manter encastelado no Palácio dos Bandeirantes.
A Central Única dos Trabalhadores de São Paulo lembra também que todas as centrais sindicais estavam representadas na passeata deste dia 16. Certamente, o conflito seria evitado se o governo respeitasse a população paulista a quem serve o funcionalismo público, e respeitasse a data-base dos servidores (1.º março) aprovada em 2006 pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Chegou a hora do governador José Serra e de seus aliados deixarem de fugir de suas responsabilidades com discursos que atribuem um caráter eleitoreiro a todas as manifestações no Estado.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A sensibilidade de Kassab





Esse vídeo é antigo, circula na internet há algum tempo, mas em época de eleição é sempre bom lembrar o comentário do atual prefeito de São Paulo -- que propaga ser um homem sensível aos problemas da população -- quando visitava a cratera aberta pela nas obras do metrô da estação de Pinheiros, que casusou a morte de 7 pessoas.

Em tempo: uma das empresas que lidera o consórcio responsável pela obra é a Odebretch, que foi expulsa recentemente do Equador por construir uma usina que não gera energia. Aqui construíram um buraco e ficou tudo na santa paz tucana.

Confira o vídeo

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TRT de São Paulo faz proposta de conciliação para retomada das negociações

Em audiência de conciliação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, a partir da instauração de dissídio coletivo de greve por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT) em face do Sindicato de São Paulo, da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul e da Fenaban, o desembargador Nelson Nazar, vice-presidente judicial do TRT da 2ª Região, apresentou nesta terça-feira 14 a seguinte proposta de conciliação: * Retomada das negociações da campanha salarial entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban nesta quinta-feira de manhã, dia 16. * Suspensão da liminar que havia sido concedida ao Ministério Público estipulando multa diária de R$ 200 mil em caso de a greve paralisar mais de 30% dos serviços das agências localizadas na base do Sindicato de São Paulo e da Feeb SP/MS. * Reunião do Comando Nacional dos Bancários em 48 horas para avaliar a proposta de conciliação. * Possibilidade de suspensão da greve, por decisão das assembléias, a partir da sexta-feira. * Manutenção do estado de greve e retomada da paralisação (caso as assembléias acatem a sugestão de conciliação), se em cinco dias úteis não houver acordo entre as partes. "É importante ressaltar que a proposta de conciliação, que só foi apresentada por causa da força da nossa greve, tem como público o sindicato de São Paulo e os sindicatos paulistas da base da Feeb SP/MS. É lamentável que no século 21 conflitos trabalhistas ainda tenham a interferência e como palco de discussão a justiça do trabalho. O que houve de positivo foi a retomada das negociações com os bancos, que é um dos objetivos da nossa greve. Isso demonstra a importância da continuidade da paralisação em todo o país para que a Fenaban apresente na negociação de quinta-feira uma proposta que contemple as reivindicações da categoria", diz Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional.
Fonte: Contraf/CUT

terça-feira, 14 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CUT é recebida por Evo Morales


Na noite do dia 9, a delegação da CUT que está na Bolívia foi recebida no Palácio Quemado, sede do governo em La Paz, pelo vice-ministro para Movimentos Sociais, Sacha Llorenti e, em seguida, pelo presidente Evo Morales.
Morales agradeceu a demonstração de solidariedade da CUT: "Como sindicalista que fui, não vou jamais trair o povo pobre da Bolívia e as expectativas que nossos irmãos de outros países, como o Brasil, tem no nosso processo revolucionário e na luta contra o império". O diretor do Unificado e membro da executiva da CUT, Antonio Carlos Spis informou que a Central e a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) discutirão o envio de representantes do Brasil à Marcha de 13 de outubro dos movimentos sociais bolivianos, que vai exigir do Congresso a convocação do Referendo para aprovar a nova Constituição. Ao final da audiência Evo tirou uma foto junto com os cutistas, com a camiseta da campanha da FUP "O Petróleo é do Brasil".

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Atos dia 10 marcam a jornada pelo trabalho decente

Na próxima sexta-feira (10), a CUT e outras centrais sindicas saem às ruas na Jornada Mundial pelo Trabalho Decente. A atividade convocada pela Confederação Sindical Internacional (CSI) e pela Confederação Sindical dos Trabalhadores da Américas (CSA) trabalhará com atos nas principais capitais do país - em São Paulo a atividade será na Praça Ramos. O tema se refere a um princípio fundamental da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que tem como base a liberdade, igualdade, segurança e dignidade para todos trabalhadores e trabalhadoras.
Mau exemplo que vem da Índia
Recebi esse pps mostrando as condições de trabalho em uma fábrica de calçados na Índia, a Catwalk. Antes de gritarem contra as péssimas condições de lá, lembrem-se que no Brasil a realidade não é muito diferente, basta "visitar" um dos buracos no bairro do B rás (em São Paulo) em que imigrantes, muitos ilegais, trabalham para a indústrias de confecção, como a C&A.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A vocação peemedebista do PSDB



Há 20 anos quando uma turma de “autênticos” saiu do PMDB bradando por ética e por um partido com princípios parecia para alguns que o cenário político brasileiro finalmente teria um representante da social democracia ao estilo europeu. Configurar-se-ia, assim, o tripé da democracia representativa burguesa, com um partido de bases de esquerda (PT), a social-democracia do PSDB e um partido que aglutinaria os setores mais conservadores da sociedade, hoje representado pela sigla DEM. Entre um e outro espectro, agrupamentos à esquerda mais radicalizados e sem base social (que o velho Lenin considerava a doença infantil do comunismo) e uma chuva de asteróides de fisiológicos espalhados por siglas que mais ninguém lembra o que se referem, como o próprio PMDB, o PTB, PDT, PPS e por ai vai. O PV, outro partido de inspiração européia, só herdou de seu primo europeu o nome, no Brasil exerce com competência sua missão de ser um balcão de negócios – caminho que o PCdoB aprende e aperfeiçoa rapidamente.
A história recente do país, no entanto, mostra que todos os cenários descritos nos velhos manuais de sociologia e ciência política podem continuar pegando pó nos armários, pois pouco refletem a trajetória desses partidos. O PT se configura como um competente partido social democrata, enquanto o PSDB se esfarela em disputas internas e não apresenta nenhum projeto consistente ao país, a não ser a repetição da surrada fórmula do neoliberalismo do consenso de Washington, que já deveria estar sepultada a sete palmos e é a gênese da atual crise do capitalismo.
O caso das eleições de São Paulo é típico sobre os caminhos que o PSDB trilha. Os principais caciques tucanos são oriundos do Estado. Desde 1994, os candidatos à presidência são da base paulista: FHC duas vezes, Serra e Alckmin. E justamente onde os emplumados têm seus grandes nomes, uma disputa entre Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, levou o PSDB a lançar um candidato e fazer campanha para outro, o atual prefeito Gilberto Kassab.
À primeira vista, a passagem de Kassab para o segundo turno parece representar uma vitória para o projeto “Serra presidente”, mas significa, a médio prazo, mais uma pá de terra na cova do partido sonhado por Covas. Num momento em que o DEM perde força no Nordeste, seu tradicional reduto, e o casamento com os tucanos dá mostras de esgotamento em vários campos, o esquema Serra revigora o neoconservadorismo mesmo que o custo seja deixar seu próprio partido em frangalhos irrecuperáveis. Este é o bom companheiro que quer ser presidente da República.

Herança janista
Alçado quase ao acaso prefeito da maior cidade do país, Kassab manipulou com competência o sentimento conservador e autoritário de parte da sociedade paulistana; a mesma que ideologicamente aplaudia os ataques histriônicos de Jânio Quadros. Utilizando de apelos circenses como fechamento de casas noturnas, Kassab angariou simpatia de certa parcela da população. Alie-se a esse fato bom momento em que vive a economia do país, que reforça a tendência para que a população mantenha no governo quem já está – fenômeno que aconteceu em todas as capitais – e a eficiente propaganda de mídia promovida pela coligação do DEM, que dispunha do maior tempo de TV, e se configura um cenário quase inimaginável anos atrás: o PSDB se torna apêndice do DEM no principal reduto tucano.

Vitoriosos e nem tantos
Independentemente de vencer ou perder no segundo turno, Kassab se apresenta como nova liderança no campo conservador. O PSDB, no entanto, perde em qualquer cenário. A vitória de Kassab tende a aprofundar o racha tucano e Serra sabe que ainda não pode prescindir da máquina de seu partido na sucessão presidencial. Cada vez mais, o atual governador assemelha seus métodos ao de Orestes Quércia, que loteou o PMDB de acordo com suas conveniências políticas, mas pagou o preço de se tornar um partido inchado, sem referência programática e que serve apenas de suporte para outros. O sonho acalentado por Quércia, de ser presidente, acabou no momento em que fez a opção de desconfigurar o PMDB. Serra segue o mesmo caminho com seu PSDB.
Por irônico que pareça, o melhor caminho para o PSDB sobreviver como partido que polariza projetos para o país é justamente os eleitores de Alckmin votarem em Marta e montarem uma competente oposição. É um caminho difícil, mas menos suicida.

Só para constar
Em São Paulo disputam dois projetos; no Rio a população nem tem essa opção. Ninguém merece ter que escolher entre Eduardo Paes e Gabeira, o eterno e o neo reacionário.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Brasil é o 4º credor dos EUA e exposição ao dólar preocupa.

Essa notinha saiu no newsletter do Bradesco
O Brasil alcançou o 4º lugar dos credores individuais dos EUA, com US$ 148,4 bilhões em títulos do Tesouro americano, ficando atrás somente do Japão, China e Grã-Bretanha. Com a crise dos EUA junto à perspectiva de um grande aumento na dívida do país, a concentração das reservas brasileiras nestes títulos preocupa. A Rússia e a Índia estão reduzindo a exposição ao dólar, diversificando bastante as reservas. O ex-representante-assistente de comércio dos EUA, Jon Huenemann, afirma que não vê ninguém preocupado com um calote dos EUA, mas o Brasil poderá começar a diversificar as reservas caso a crise se agrave e a economia americana entre em recessão.

Conar responde

Prezado Norian, Respeitamos sua opinião a respeito da ética e propaganda mas discordamos frontalmente dela. Bastaria que o Sr. visitasse o site do CONAR www.conar.org.br para rever a sua posição. Aliás, visitando o mesmo site e navegando pelo Código de Auto-regulamentação, poderá ver também que o merchandising (ou produtct placement) é perfeitamente legítimo (art. 29,§ único) e a emissora que o sr. se refere como "plim plim", por exemplo, nos créditos de cada capítulo da novela explicita se houve ou não ação mercadológica naquela programação. Quanto aos carros de som, estamos de pleno acordo com o sr. Trata-se de modalidade tosca de chamar a atenção da vizinhança e diversos municípios já a regulamentaram.
Edney G. Narchi
Diretor Executivo

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Conar e a pamonha de Piracicaba


O Conar, como se sabe, é uma ONG mantida por empresas de propaganda que visa fiscalizar a “ética” na propaganda (apesar de ética e propaganda serem, por princípio, termos opostos). Mas vai lá.
Algumas coisas da propaganda, no entanto, parecem passar despercebidas pelo Conar e pelos legisladores do Congresso que atuam nessa área. Quando uma peça publicitária, travestida de notícia, é veiculada em uma mídia impressa, obrigatoriamente ela precisa vir com a informação no alto da página de tratar-se de informe publicitário. Justo. Isso vale para a mídia impressa, mas não para a eletrônica. Durante uma novela, de qualquer emissora, principalmente da plim-plim, somos bombardeados com atores-personagens fazendo propaganda de banco (que para eles nunca têm fila), de loja de móveis, de SPA, de concessionária de automóveis, de revendedora de motos, de pacotes turísticos e o escambau, pagou, tem “artista” contente a se meter a ficar falando e falando bem do produto ou banco. Em que lugar da telinha aparece que aquilo que estão fazendo não é parte da “trama” da novela e sim propaganda? E aí, Conar?
Como quase nunca assisto novela, essa é uma implicância genérica, porque não chega a me afetar individualmente – apesar de me ofender como cidadão. O que me enche realmente o saco são os carros de som que passeiam pela cidade anunciando aos berros de tudo um tanto.
Um dos princípios da publicidade é oferecer ao consumidor a possibilidade de ele se negar a ver, ler ou ouvir a peça proposta. Posso pular uma página de revista ou jornal, mudar de canal ou de estação de rádio, mas a não ser que eu carregue comigo um eficiente fone de ouvido, não posso deixar de ouvir um carro com alto-falante chiado, música geralmente insuportável e anunciando a última grande oferta, o imperdível show, o melhor candidato ou as deliciosas pamonhas de Piracicaba. Por que, Conar e legisladores, sou obrigado a ouvir que devo comprar algo que não quero nem ouvir sequer adquirir?
Tiraram os outdoors da cidade, é hora de tirar os carros de som de propaganda das ruas.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Novas regras ortográficas entram em vigor em 2009

No dia em que se completou 100 anos da morte do maior escritor brasileiro, 29 de setembro, Machado de Assis, aconteceu na Academia Brasileira de Letras a solenidade de assinatura do novo acordo ortográfico entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As novas regras entram em vigor em 1º de janeiro de 2009 e têm prazo de conclusão até 2013. Nesse período, para todos os efeitos (vestibular, por exemplo), serão aceitas as duas formas de grafia.
Entre as mudanças está o fim do trema, e diversas alterações na forma de acentuar as palavras. Os oito países que compõem o CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugual e São Tomé e Príncipe) e representam quase 250 milhões de pessoas aderiram ao acordo.
Clique aqui para baixar o arquivo com todas as mudanças http://rapidshare.com/files/150090627/AcordoOrtogrLinguaPortug.pdf.html

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Odebrecht lá e aqui


No Equador, a construtora fez uma hidrelétrica que não gera luz; em São Paulo foi uma das responsáveis pela cratera da linha 4 do metrô de São Paulo, que matou sete pessoas. O presidente do Equador, Rafael Correa, interviu na empresa, expulsou os responsáveis e vai apurar e cobrar providências. Aqui, o sempre presidenciável José Serra renovou o contrato com a empreiteira. O consórcio que toca a obra do metrô havia doado R$ 1,7 milhão para a campanha de Serra a governador. OAS, de um ex-genro de ACM, doou R$ 1 milhão; a Odebretcht, 300 mil reais e a Camargo Corrêa 400 mil.

Concentração de renda

Os últimos dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados este mês de setembro aponta que o índice Gini, que mede a concentração de renda entre os trabalhadores, diminuiu de 0,540 em 2006 para 0,528 em 2007. A única região do país em que houve aumento na concentração de renda foi no Centro-Oeste, impulsionado pelo agronegócio, que fatura milhões e explora a mão-de-obra à beira da escravidão.

MST e o pré-sal

A Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota no dia 24 cobrando amplo debate nacional e mobilização sobre o pré-sal. "Temos o compromisso, que reafirmamos na carta final do nosso 5º Congresso Nacional, de lutar pela soberania popular e, com essa descoberta, o povo brasileiro precisa se posicionar sob o risco de perdermos mais uma das nossas riquezas", diz a nota do MST.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

É preciso criminalizar a Petrobrás pelos acidentes





Cerca de 4 mil trabalhadores da Refinaria de Paulínia (Replan) cruzaram os braços na manhã da quarta-feira, 24, para protestar contra a morte de quatro petroleiros, ocorrida no dia anterior durante uma explosão na estação de tratamento de petróleo de Campo de Furado, no município de São Miguel dos Campos, em Alagoas. Os corpos dos quatro trabalhadores terão de ser identificados pelo exame de DNA, pois foram carbonizados.
Desde as primeiras horas da manhã, os trabalhadores iam chegando à Refinaria e em respeitoso silêncio aguardavam o início do ato. O rosto de cada trabalhador traduzia um misto de indignação com a 16ª morte ocorrida este ano no Sistema Petrobrás e a incerteza de que se ele não seria a próxima vítima. “Todo trabalhador tem o direito de ir ao trabalho pela manhã e saber que irá voltar para casa no fim do dia”, exclamava o companheiro Hamilton, do Sindicato da Construção Civil, entidade que organizou o ato junto com o Sindipetro Unificado-SP.
Petroleiros próprios e terceirizados se postavam lado a lado compartilhando a mesma estranha dor: apesar de os quatro operários vitimados pela política de insegurança da Petrobrás serem completamente anônimos para a massa de trabalhadores ali presente havia uma solidariedade no ar, como se de fato um membro da própria família tivesse falecido. A consciência de classe também trilha caminhos dolorosos. Uns poucos que tentaram furar a paralisação e mostrar para os gerentes como são puxa-sacos, foram recebidos com vaias e indignação: “Dá nojo, dá nojo trabalhar ao lado de pessoas assim”, gritava inconformado um trabalhador terceirizado.

Criminalizar a Petrobrás
Todas as intervenções dos dirigentes sindicais apontaram para a necessidade de uma completa mudança na política de SMS da Petrobrás e na criminalização dos responsáveis pelos acidentes. “Os trabalhadores não podem ser cúmplices dessa política da Petrobrás”, alertou o dirigente da executiva nacional da CUT, o petroleiro Dary Becker.
Antonio Carlos Spis foi enfático ao afirmar que é necessário “colocar na cadeia gerentes e diretores que permitem que tal situação aconteça”, e completou: “Se for preciso vamos pôr na cadeia o próprio presidente da empresa, o departamento jurídico do Unificado está avaliando quais ações podem ser tomadas nesse sentido”.
O coordenador do Unificado, Itamar Sanches, lembrou a cláusula de direito de recusa ao trabalho, expressa no acordo coletivo, mas alertou da necessidade de os trabalhadores se mobilizarem para defender suas próprias vidas. “Hoje estamos fazendo um ato de luto, mas sabemos também fazer atos de luta e temos de nos preparados para deflagrar greve por mais segurança na empresa”
Para finalizar o ato, o coordenador da Regional Campinas, Danilo Silva, pediu um minuto de silêncio em homenagem aos acidentados. “Vamos entrar para trabalhar em silêncio, em respeito a mais essas vítimas, mas também para demonstrar toda nossa indignação”.
O ato terminou por volta das 10h30, quando, em silêncio, os trabalhadores entraram na refinaria, cada um com a esperança de estar vivo ao final do expediente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Nova tentativa de criminalizar os movimentos sociais


Mesmo em governos democráticos, uma parte da justiça mantém atitudes retrógradas dos tempos da ditadura, tentando criminalizar movimentos sociais que lutam e se mobilizam por seus direitos.
Esse ato covarde da Justiça acaba de atacar também a organização dos petroleiros, que em 27 de novembro do ano passado promoveu a ocupação pacífica da ANP por um dia, em protesto contra a 9ª rodada de leilão do petróleo, que privatizava áreas de exploração, inclusive na camada do pré-sal.
Após a ação, a Polícia Federal chamou para depor o diretor do Unificado e membro da executiva nacional da CUT, Antonio Carlos Spis, Hélio Seidel, então coordenador da FUP, Leo Haua, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), André de Paula, da Federação Internacionalista dos Sem Teto (Fist), Emanuel Cancella e Joacir Pedro, do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, Gualberto Tinoco da Conlutas e Ciro Garcia, do PSTU.
Precedentes perigosos
Enquanto banqueiros usam e abusam do poder econômico, latifundiários e agronegociantes mantêm trabalho escravo nas fazendas, grupos econômicos "compram" parlamentares e subornam funcionários públicos, empresários deterioram as condições de trabalho e não cumprem acordos trabalhistas, tudo sob a plácida complacência de parte da Justiça, os movimentos sociais organizados, que lutam por uma sociedade mais justa são perseguidos e seus líderes ameaçados de prisão.
O caso mais recente e emblemático foi o do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que tentou dissolver o MST. Isso mesmo, quis acabar com toda a forma de organização dos trabalhadores sem terra. Esse mesmo Ministério Público tem proibido todas as manifestações populares, como passeatas, enquanto faz vista grossa para latifúndios que contratam capangas para ameaçar trabalhadores.
Comissão de Direitos Humanos
A situação chegou a tal ponto que a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) criou uma Comissão, com integrantes do Conselho de Defesa dos Direitos Humanos para apurar os fatos que estão ocorrendo na capital gaúcha. Os trabalhos da comissão iniciaram no dia 9.
Segundo informa a Secretaria, a Comissão Especial "tem a tarefa de apurar tentativas de criminalização de movimentos sociais, a partir de iniciativas do Ministério Público Estadual, decisões do poder Judiciário do RS e ações da Brigada Militar, apontando soluções no sentido de garantir o respeito aos direitos civis e às liberdades públicas".
A proposta da Comissão é apurar casos de criminalização dos movimentos sociais em todo o Brasil, informou Fernando Matos, relator da Comissão Especial e coordenador geral do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da SEDH. Segundo ele, a Comissão Especial tem 180 dias para apresentar um relatório das conclusões do trabalho.
Mobilização
Para combater essa autoritária e perigosa tentativa de reprimir os movimentos sociais, a alternativa dos trabalhadores é a mobilização e o enfrentamento organizado a esses ataques.

CUT debate energia, desenvolvimento e soberania nacional

A CUT Nacional promove nos dias 18 e 19, em São Paulo, um seminário nacional para debater e aprofundar o tema energia sob a ótica da soberania e do desenvolvimento. Este blog estará cobrindo o evento
Ao longo de anos, o processo de globalização fez com que os Estados nacionais perdessem sua capacidade de gerar, controlar e executar uma série de políticas de suporte ao desenvolvimento econômico, de inclusão social com a geração de emprego e renda e valorização do trabalho. Para que o crescimento econômico atenda aos interesses de toda a sociedade é fundamental que seja implementado um projeto de desenvolvimento. Para que isto ocorra num ambiente democrático, é importante que o Estado seja fortalecido e ampliados os espaços de participação social nas diversas instâncias decisórias.
O setor de energia é considerado um dos mais relevantes para a sustentação do ritmo de crescimento em longo prazo. O potencial das últimas descobertas de petróleo no país motiva esse debate sobre o modelo de exploração das reservas e o destino a ser dado aos recursos.
Dada a necessidade de que a matriz energética mundial contemple fontes renováveis e não poluentes de energia, que não venham a agravar a fome no mundo e o aquecimento global do planeta e que o Brasil, por seu potencial energético, por sua posição geográfica, pela disponibilidade de terras agricultáveis e pelo domínio da tecnologia desempenhará papel de destaque neste cenário
A CUT pretende, com esse evento, formular estratégias para que os trabalhadores possam intervir na disputa de modelos de desenvolvimento, sob a ótica do desenvolvimento sustentável.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

As várias cabeças da serpente

As recentes denúncias sobre grampos no Supremo Tribunal Federal (STF), promovidos, a princípio, por membros da Abin, ainda estão longe de serem esclarecidas: tanto seus autores quanto a motivação que levou à realização do grampo e, principalmente, sua divulgação em uma revista de circulação nacional. A conversa que veio a público entre o senador demo Demóstenes Torre (GO) e o presidente do STF, Gilmar FHC Mendes, é absolutamente prosaica, sua divulgação teve o único e específico interesse de mostrar que a escuta clandestina existe incrustada em todos os cantos de poder de Brasília.
A Abin é a sucessora do SNI (Serviço Nacional de Informação), órgão da ditadura que, apesar de oficialmente extinto, deixou marcas e vícios na estrutura da agência, que ainda os reproduz cá e lá.
O episódio do grampo no STF, apesar de constitucionalmente condenável e institucionalmente perigoso, serviu para contemplar vários interesses. Entre eles:
Novamente, em um período pré-eleitoral, em que a figura pública do presidente Lula tem grande peso no eleitorado, surge um escândalo para tentar colocar o governo na defensiva. Isso não ocorreu porque Lula determinou imediatamente a suspensão de toda a cúpula da Abin, a começar pelo poderoso Paulo Lacerda.
O chefão da Abin é a segunda cabeça dessa serpente; o ex-diretor da Polícia Federal colecionou nos cinco anos à frente da instituição alguns amigos, admiradores e muitos, muitos inimigos. Seu afastamento foi celebrado com tim-tim de 12 anos em diversos recônditos de Brasília.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, também está no meio do tiroteio. Na busca de aglutinar setores mais à esquerda do PT e, ao mesmo tempo, flertar com a possibilidade de concorrer à sucessão de Lula, comprou briga em diversos setores, levou pito do presidente e foi posto na defensiva com o episódio dos grampos. Perdeu força na escala lula de poder.
A Abin e a PF travam uma feroz batalha por espaço político, disputas de atuação, fogueiras de vaidades e... recursos. Nesse embate sobra lama para todos os lados.
Quem, no final, faturou com o episódio, foi Gilmar FHC Mendes. De vilão da dupla soltura de Daniel Dantas, Gilmar “Fornecedor de Habeas Corpus” Mendes se tornou vítima de escuta telefônica, posou de durão e engrossou a voz com Lula, que não passou recibo (aguardem que tem volta, o presidente sabe dar o troco).
No meio do tiroteio, o ministro Nelson Jobim (Defesa), vislumbra a possibilidade de voltar com força à cena política e ainda alimentar o sonho de 2010. Como se percebe, 2010 é um número cabalístico no esoterismo político brasileiro
O lacuna deixada por Paulo Lacerda, que assumiu a Abin há menos de um ano, será preenchida por Wilson Roberto Trezza , que já trabalhou para Daniel Dantas. Brasília não é terra de amadores.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Metalúrgicos do ABC preparam greve

Mais de cinco mil trabalhadores rejeitaram, na manhã de domingo (31), o índice de reajuste salarial proposto pelo Sinfavea (Sindicato Nacional das Indústrias de Veículos Automotores) de 0,5% de aumento real. Em assembléia que lotou a rua do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, foi aprovado aviso de greve, que será encaminhado às montadoras nesta segunda-feira (1º).Após 48 horas do aviso de greve protocolado, os trabalhadores estarão respaldados legalmente para iniciar paralisações nas fábricas.O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, lembrou, em seu discurso, o excelente momento econômico vivido pelo País e os consecutivos recordes de produção e vendas das empresas. O dirigente destacou também a importância de a categoria conquistar, nesta data-base, o direito de o trabalhador ser liberado pelos patrões para passar por processo de formação sindical.Outro ponto do qual a categoria e o sindicato não abrem mão nesta data-base é um significativo reajuste no piso da categoria, para evitar a rotatividade que hoje já passa dos 40%, apesar da economia forte. O presidente do sindicato não mencionou índices. "Queremos tudo que temos direito, o máximo", afirmou."O momento econômico é bom, mas nunca há negociações fáceis porque os patrões sempre têm uma desculpa para não dar aumento real de salário, por isso a categoria tem de se manter organizada, mobilizada e, se preciso for, iniciar o processo de luta,que prevê a greve como instrumento legítimo de reivindicação", afirmou Sérgio Nobre, sob a aprovação unânime dos trabalhadores.O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem 100 mil trabalhadores em sua base (São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), patamar que foi atingido em junho. Em 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato na Presidência da República e após a desastrosa política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, a categoria tinha 77 mil trabalhadores.A marca de 100 mil representa um crescimento de 28,8% no número de empregos na base em comparação a 2003, num total absoluto de 22.325 trabalhadores contratados na categoria, aumento que também é resultado da luta do sindicato e da categoria."Nunca vi uma campanha salarial tranqüila, pois os patrões só cedem debaixo de luta", finalizou Sérgio Nobre.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A nova batalha do petróleo


Em sua primeira reunião, ocorrida na segunda-feira, 25 de agosto, o Conselho Deliberativo da FUP (Federação Única dos Petroleiros) indicou como prioridade para o próximo período a luta por um novo marco regulatório para o setor de petróleo.

FHC privatizou o sistema
A atual lei do petróleo (lei 9478), de 1997, foi promulgada por Fernando Henrique como forma de abrir o setor para a exploração privada; até então estava em vigência a lei 2004, de 1953, que concedia o monopólio para a Petrobrás. “Como o governo neoliberal de FHC não teve força política para privatizar a Petrobrás, devido à resistência da sociedade, ele encontrou esse caminho alternativo para beneficiar as empresas transnacionais”, afirma o coordenador da FUP, João Antonio de Moraes.
O modelo adotado para a configuração da lei 9478/97 foi o de realizar leilões de áreas de exploração em regime de concessão – ou seja, a empresa que compra determinada área, investe por risco próprio e obtém todo o lucro do petróleo que conseguir produzir, pagando royalties e um percentual a título de “participação especial”, ambos com valores extremamente defasados em relação ao que é praticado internacionalmente.
Desde a promulgação da lei ocorreram oito leilões de venda de áreas de exploração. Foram leiloados 600 blocos para 72 grupos econômicos, metade dos quais estrangeiros.

Pré-sal muda toda a realidade
Com o anúncio da descoberta de novas reservas, na chamada camada pré-sal, o que já era inaceitável (o leilão para a exploração predatória das riquezas nacionais) tornou-se crime de lesa pátria. “Em qualquer outro país FHC e sua turma estariam no banco dos réus para responder por crimes como a venda da Vale do Rio Doce, o processo de privatização das empresas de telefonia e a entrega do petróleo para empresas transnacionais”, considera o 1º tesoureiro da CUT Nacional, o petroleiro Antonio Carlos Spis.
As reservas do pré-sal podem tornar o Brasil uma das potências mundiais do setor do petróleo, mas como ocorreu em outros países do Terceiro Mundo, como os africanos, o que é uma riqueza pode se tornar uma maldição e o país vítima da sanha dos tubarões internacionais. O atual modelo leva a esse cenário: antes mesmo de iniciar a exploração das reservas, 25% da área do pré-sal já foram leiloadas. Isso ocorre porque parte do pré-sal se encontra nas áreas que foram leiloadas.
Analisando esse cenário, o Conselho Deliberativo da FUP – formado pela direção executiva da Federação e por um representante de cada sindicato filiado – compreende que os leilões devem ser suspensos e que a sociedade seja chamada para debater as bases de um novo marco regulatório para o setor. Tal posição, inclusive, é compartilhada pelo Ministério Público, que pediu a suspensão dos leilões e a revisão geral da lei.
Discute-se, portanto, sob três aspectos distintos: Primeiro, a atual lei, promulgada no governo FHC, é prejudicial ao país sob todos os pontos de vista. Ao contrário do que dizem alguns tucanos e seus pares na mídia comercial, não foi a lei 9478 a responsável pela descoberta do pré-sal; quem descobriu as reservas foi a Petrobrás: “Se essa famigerada lei não existisse, o Brasil seria senhor soberano de suas reservas, foi a opção entreguista dos tucanos que levou à situação que nos encontramos”, afirma Moraes. Segundo, no aspecto jurídico, o anúncio da descoberta do pré-sal muda o objeto dos contratos. Só como exemplo, dois pontos definidos para balizar os contratos de concessão foram o “alto risco” do negócio (de não encontrar petróleo algum) e o custo do barril do petróleo, à época em torno de 15 dólares. Como já ficou mais do que provado, não há risco algum de não se encontrar – e muito – petróleo nas áreas leiloadas, e o preço do barril já atingiu este ano a marca dos US$ 140.
O terceiro, e principal, aspecto é o de estratégia política de desenvolvimento do país. O atual marco regulatório significa mamão com açúcar para as empresas transnacionais e sangria dos recursos enérgicos para o Brasil, além de o dinheiro arrecadado não ter destinação social, como ocorre em diversos países, que impulsionaram seu desenvolvimento investindo o lucro do petróleo em educação e saúde para a população. “É imprescindível um novo marco regulatório, que devolva para a União o monopólio da exploração e comercialização do petróleo, e é necessário que Petrobrás volte a ser integralmente estatal para cumprir seu destino histórico de alavancar o desenvolvimento do país”, conclui Moraes.

Mobilização nacional
O CD-FUP avaliou, no entanto, que não bastam apenas bons argumentos, o jogo de interesses em torno do tema é muito poderoso – basta lembrar que, coincidentemente, os Estados Unidos reativaram a quarta frota da marinha (desativada desde 1950) para fiscalizar os mares do hemisfério sul. É preciso que a sociedade se mobilize para pressionar o governo e o Congresso a votar uma lei de petróleo que responda a todos os desafios que a situação impõe. Para isso, avaliou o Conselho da FUP, é necessário o envolvimento dos movimentos sociais e sindicais, dos setores progressistas da igreja e de todos que desejam um país soberano e dono de suas riquezas. Como parte da mobilização, o Conselho definiu apresentar aos movimentos sociais esse diagnóstico, em reunião que acontece dia 3, na sede da CUT, e propor a realização de um abaixo-assinado em nível nacional por um novo marco regulatório, enquanto mobiliza a categoria petroleira para deflagrar greve caso haja novo leilão. Além disso, busca uma audiência com o presidente Lula e planeja um grande ato em Brasília (sem data definida ainda) e uma poderosa campanha de mídia para envolver a população nessa nova batalha pelo petróleo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Brasil, chega de burrice, o petróleo é do povo

Durante evento realizado no Pará, dia 14, o presidente Lula disse que "Deus deu a camada pré-sal para o Brasil não fazer mais burrice" e de que o país tem uma dívida histórica com a educação e precisa usar os recursos que virão da descoberta para investir na melhoria da qualidade de ensino.
Apesar dessa positiva constatação, o governo ainda pouco se mexeu para mudar a lei de petróleo, herança maldita de FHC, que há mais de 10 anos sangra as veias negras do país bombeando lucros para empresas transnacionais. É necessário que o governo tenha coragem de dizer claramente à sociedade o que pretende fazer com a camada de pré-sal; que tenha a visão estadista de suspender os leilões de petróleo e apresentar um novo marco regulatório para o setor, discutido democraticamente com todos os setores da sociedade, entre eles o movimento sindical e as forças populares.
Fim da ANP
Nos dez anos de desregulamentação da exploração do petróleo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) se tornou um balcão de negócios para as transnacionais.
Uma das denúncias mais sérias envolve a estadunidense Halliburton, empresa que já foi presidida por Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, e esteve envolvida em diversos contratos fraudulentos na guerra do Iraque. A dita foi protagonista do episódio do roubo de laptops da Petrobrás com informações confidenciais.
Essa empresa, segundo denúncias de várias fontes, controla o Banco de Dados da Exploração do Petróleo (BDEP), da Agência Nacional do Petróleo, ou seja, simplesmente o mapa da mina. Faça um pequeno teste: entre no sítio da empresa (www.halliburton.com), na caixa de pesquisa, no alto da página digite "ANP", logo aparecerá um link para uma matéria que dá uma pequena mostra dos dados que a empresa tem acesso.
Um novo marco regulatório para o petróleo implica, necessariamente, no fim da ANP, e no reconhecimento da soberania do Estado sobre a exploração, produção e comercialização do ouro negro que corre abundante por toda a costa brasileira.
Não enfrentar esse desafio é comprometer as gerações futuras. A disputa por recursos energéticos foi a maior fonte de guerras no século XX e continuará a ser, ainda mais, o centro das disputas deste século.
O discurso do presidente Lula serve para ele mesmo, como chefe da nação: companheiro Lula, não faça a burrice de ceder a interesses menores; escreva seu nome como grande estadista e faça, de uma vez por todas, o petróleo se tornar dos brasileiros.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Tempos bororós


Alguns poucos leitores deste blog notaram a ausência de postagens dos últimos dias, devido à correria e acúmulo de trabalho na editora por conta da participação da Limiar na Bienal do Livro, que acontece em sampa, de 14 a 24 de agosto.

Na ocasião, entre outros, a editora estará lançando o Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena, um grande compêndio de verbetes coletados ao longo de 30 anos pelo Dr. Clóvis Chiaradia.

A produção do dicionário está tomando um tempo maior do que o previsto e, assim, outras atividades como escrever para este "importante" espaço ficaram prejudicas.

Logo as coisas voltam ao normal.

O lançamento do Dicionário será no dia 16 de agosto, sábado, ás 17h, na Bienal. Até lá dou mais informações.

Sindipetro-SP: Chapa 1 vence eleição com 83% dos votos

Terminou na manhã do sábado (19) a apuração dos votos para eleger a nova Diretoria do Unificado, do Daesp (Departamento de Aposentados) e do Conselho Fiscal. A Chapa 1 – Unidade Nacional, apoiada pela atual direção, pela FUP e pela CUT, obteve 83,1% dos votos válidos. Segundo o coordenador do Unificado, Itamar Sanches, “esse expressivo resultado demonstra a aprovação dos sindicalizados na atual gestão” (leia entrevista na página 4).
Pela primeira vez desde a unificação duas chapas concorreram ao pleito e a votação não deixa dúvida de que a categoria quer a continuação da política desenvolvida pela atual direção e pela FUP, de enfrentamento, negociação, mobilização constante da base e conquistas, denúncia dos abusos cometidos pelas chefias e gerências e busca da unidade nacional como forma de fortalecer a categoria.


Vamos continuar a política de mobilização e fortalecimento da unidade nacional
Diretor reeleito, Itamar Sanches, avalia os desafios da categoria para o próximo período
O coordenador do Sindipetro Unificado e diretor reeleito para a gestão 2008/11, Itamar Sanches, fala sobre as prioridades da nova gestão e os desafios da categoria para o próximo período.

Itamar, por que o cargo de coordenador e não de presidente, como é mais comum nos sindicatos?
No estatuto do Unificado, assim como o da FUP e de outros sindicatos de petroleiros, não consta a figura do presidente, mais do que um aspecto simbólico, queremos reforçar a idéia de que a direção de uma entidade classista é colegiada, isto é, é de responsabilidade de todos, dirigentes e sindicalizados. Hoje, o Itamar está como coordenador, mas outro companheiro(a) pode assumir; a coordenação é uma função dentro da estrutura do sindicato e não um cargo.

Pela primeira vez duas chapas concorreram. Qual é a sua avaliação sobre a expressiva votação da Chapa 1?
Creio que foram diversos fatores que fizeram a categoria votar e apoiar a chapa 1. Primeiro, a atual direção desenvolveu um trabalho sério e com resultados concretos tanto para a melhoria das condições de trabalho quanto à remuneração dos trabalhadores. Segundo, creio que a categoria soube entender que mesmo cometendo erros aqui e ali, essa é uma direção que não foge da luta e trata todas as questões com transparência, levando as decisões da base. Pesou também o conhecimento que a categoria tem dos dirigentes, sabe que são pessoas comprometidas com a luta e com a unidade nacional, mesmo nessa semana corrida que foi a da eleição, não deixamos de realizar atos e mobilizações definidos pelo calendário nacional da FUP. E destaco, ainda, o fato de a chapa 1 ter sido comporta por companheiros de todas as bases, enquanto a outra tinha basicamente representantes da Replan.

Não é estranho uma categoria que recebe acima da média nacional fazer greve por PLR?
A mídia vai bater nessa tecla para tentar desgastar o movimento, mas a situação é bem mais complexa. Primeiro, temos que parar de achar que PLR é um favor que a empresa faz, não é! É um direito do trabalhador, garantido por lei e vamos buscar o máximo que a lei permite. Historicamente, há distorções na PLR paga pela Petrobrás para os “peões” e para os gerentes, queremos rever essa matemática, assim como estabelecer uma nova metodologia de negociação. Hoje a empresa privilegia acionistas e gerências em detrimento da maioria dos trabalhadores e a greve é um instrumento legítimo para buscarmos corrigir essas distorções.

De certa forma, uma greve no início de agosto é uma antecipação da campanha salarial.
Não necessariamente, mas é claro que outras reivindicações históricas, como mais segurança e o apoio a reivindicações específicas de outras bases, como a dos companheiros da Bacia de Campos, permeiam as mobilizações, mas a campanha salarial será uma outra etapa de luta.

A diretoria que agora assume irá até 2011. Quais os principais desafios desse período?
Do ponto de vista nacional estaremos na passagem do governo Lula para um outro, que ainda não sabemos qual será. A Petrobrás cresceu e os trabalhadores foram valorizados no governo Lula e precisamos ter uma sólida base de organização para agüentar uma rebordosa, caso o governo volte para os neoliberais privatistas. Temos divergências com o governo Lula, mas temos espaço democrático para sentar na mesma mesa e negociar, o que nunca aconteceu em governos anteriores.
No aspecto da nossa base, essa diretoria vai procurar estruturar cada vez mais o Sindicato, encaminhar todas as demandas da categoria e incentivar a participação dos novos trabalhadores e a formação de novas lideranças.
Um outro ponto que já mereceu atenção destacada nesta gestão e continuará na próxima é em relação aos aposentados. Nesta gestão o Daesp se estruturou, tem um boletim mensal específico e está desenvolvendo diversas atividades. Vamos, também, dinamizar o Departamento Jurídico para que todo sindicalizado possa ter um atendimento cada vez melhor.
Por fim, mas não menos importante, vamos continuar lutando pela unidade nacional da categoria, que sempre foi o grande trunfo dos petroleiros. Vamos fortalecer a FUP e desenvolver campanhas nacionais pelo fim dos leilões do petróleo, por uma nova lei do petróleo, por mais segurança em todo o sistema Petrobrás, pela reincorporação da Transpetro entre muitas outras bandeiras de luta de nossa grande categoria.